O Estado de S. Paulo
O “ápice” foi com os R$ 50 bilhões de 2024,
ou a “balbúrdia” vai piorar em 2025?
O“ápice da balbúrdia” azedou as relações
entre os três poderes e o humor da sociedade contra o Congresso Nacional em
2024 e tende a ficar ainda pior em 2025, caso Câmara e Senado não admitam a
gravidade da situação e o quanto isso desgasta a já tão desgastada imagem da
política no Brasil. Assim, a pergunta que está no ar é: o ápice foi na gestão
de Arthur Lira, ou pode ser na de Hugo Motta, seu sucessor na presidência da
Câmara a partir de fevereiro?
As emendas parlamentares são válidas, pois aproximam o deputado e o senador de suas bases e dos interesses dos seus municípios e Estados. O problema é que os valores se multiplicam desenfreadamente e são usados sem controle. O poder sobre o Orçamento sai do Executivo para o Legislativo, o governo fica na mão do Congresso e o resultado é o de sempre: compra de votos e corrupção.
Como Alexandre de Moraes pegou o touro a unha
no inquérito do golpe, Flávio Dino pegou no escândalo das emendas. Um enfrenta
um ex-presidente da República e militares de alta patente que articularam até o
assassinato do sucessor eleito. O outro bate de frente com os audaciosos
parlamentares, capazes de botar a faca no pescoço e chantagear o presidente por
emendas a rodo, sem controle e rastreabilidade.
Em vez de debater e aprovar tempestivamente
projetos essenciais para o Brasil e os brasileiros, como o corte de gastos e a
regulamentação da reforma tributária, Câmara e Senado gastaram um tempo
precioso – e escasso, em ano eleitoral – para provocar o Supremo e o Planalto e
promover retrocessos para a sociedade.
Exemplo: as investidas da CCJ da Câmara,
comandada, aliás, por uma deputada, para abolir o aborto legal, inclusive por
estupro ou risco de morte da grávida. No sentido oposto ao que se espera do
Legislativo, comissões e plenários pareciam mais preocupados em prejudicar os
dois outros poderes e o País do que em garantir avanços na economia.
Não vai mudar em 2025, com Hugo Motta na
presidência da Câmara e Davi Alcolumbre de volta à do Senado. Ambos têm apoio
nas bancadas de praticamente todos os partidos e Alcolumbre, particularmente,
mantém boas relações com o Supremo, mas, acima dos interesses nacionais,
prevalece o corporativismo movido a emendas que atingiram R$ 50 bilhões em
2024, “ápice da balbúrdia”.
Vem aí a reforma ministerial de Lula,
disputada a tapa por políticos das mais variadas tendências, que querem status
de ministro, com avião da FAB, carro oficial e visibilidade, mas, no fundo, o
que compra votos no Congresso não é cargo, é emenda na veia. Se Flávio Dino
deixar.
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