quarta-feira, 9 de abril de 2025

'Pressão das ruas' a favor de Bolsonaro está longe de se concretizar - César Felício

Valor Econômico

Pesquisas da Genial/Quaest e do Datafolha feitas na semana passada indicam que o poder de fogo dessa arma talvez seja mais fraco do que se supunha

A pressão popular é uma das poucas armas na mão que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem para tentar a restauração de seus direitos políticos e evitar ir para a cadeia, caso seja condenado no processo por golpismo a que responde. As pesquisas da Genial/Quaest e do Datafolha feitas na semana passada indicam que o poder de fogo dessa arma talvez seja mais fraco do que se supunha, em que pese as imagens da Avenida Paulista no último domingo (6).

O mesmo percentual — 56% — foi registrado pelas duas pesquisas em perguntas diferentes. A Quaest indagou se os presos por envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023 deveriam continuar presos. A maioria disse que sim. O Datafolha perguntou se o pesquisado era contra a anistia aos envolvidos. A maioria disse que não.

O Datafolha já havia feito esse levantamento um ano atrás, em 21 de março de 2024. A anistia ganhou fôlego desde então, já que o total contrário era de 63%. É um avanço claramente inconsistente com um quadro de pressão popular que movesse o Centrão para uma posição a favor do projeto, em um contexto em que Câmara e Senado ainda dependem da sanção presidencial ao Orçamento para empenhar novas emendas parlamentares e de diálogo com o Supremo Tribunal Federal (STF) para que esse empenho não encontre dificuldades.

A multidão na avenida Paulista mostra que Bolsonaro tem capacidade de mobilizar sua base. Mas mobilização de base é diferente de capturar a maioria silenciosa.

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