O Estado de S. Paulo
Os Correios passam por rápido processo de
sucateamento patrimonial e operacional. Seu último balanço acusou prejuízo
líquido de R$ 1,7 bilhão apenas no primeiro trimestre deste ano e patrimônio
negativo de R$ 6,1 bilhões. É o maior rombo entre as estatais federais.
Seus dirigentes acionaram a velha maquininha de lenga-lengas para tentar explicar um desastre que não vem de anteontem. Põem a culpa na “taxação da blusinhas”, o imposto de importação de pequenas encomendas de até US$ 50. E ainda se queixam da queda brutal na entrega de correspondências, produzida pela mudança de hábitos: ninguém mais manda cartas nem despacha telegramas pelo correio; prefere usar o e-mail ou, então, o WhatsApp. Até mesmo a remessa de boletos é feita digitalmente. Estamos diante de uma reviravolta estrutural desse segmento que deveria ter empurrado os Correios para a modernidade – e não para um apagão patrimonial e logístico.
Não só perdem a competição com o setor
privado. Seus dirigentes mostram incapacidade para competir, porque pilotam uma
estrutura pesada, velha e cansada. Seus serviços de Sedex levam tempo demais
para chegar a seu destino. Há alguns dias, por falta de condições de segurança,
a Agência Nacional de Aviação Civil chegou a suspender por alguns dias a
decolagem dos aviões dos Correios.
O Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de
Correios Telégrafos e Similares de São Paulo denuncia o colapso operacional e
financeiro da empresa. E aponta fatos: falta de pagamento às transportadoras e
aos fornecedores de combustíveis; toneladas e toneladas de encomendas paradas
por incapacidade de entrega; sobrecarga de trabalho, atraso no repasse de
contribuições aos planos de previdência complementar e mau gerenciamento dos
convênios de saúde.
A empresa anunciou um plano para reduzir R$
1,5 bilhão em despesas neste 2025 e pôs em marcha um Plano de Demissão
Voluntária que já teve perto de 4 mil adesões entre seus 85 mil empregados. E
planos de investir, até o final de 2026, R$ 1,6 bilhão mais garantias de que as
correções seguirão. O banco dos Brics, comandando por Dilma Rousseff, avançou
com empréstimo de R$ 3,8 bilhões. Mas o estrago é maior do que esses remendos.
Apenas no segmento de entrega de encomendas,
o Mercado Livre acaba de anunciar investimentos de R$ 34 bilhões no Brasil para
expansão de sua rede de logística apenas neste ano. E o Mercado Livre não é a
única a comer mercado dos Correios: há também a Amazon, a Shopee, DHL, Loggi, a
FedEx e outras.
A solução, já apontada há tantos anos, é a
privatização – para que os Correios possam se capitalizar e modernizar a ampla
rede de coleta e distribuição. O Tesouro, maior acionista, não está em
condições de injetar capital novo nessa lata furada.
Como o governo Lula repete o mantra de que a
privatização é inadmissível, o sucateamento dos Correios só pode continuar
inexorável.
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