DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - O foguete Brasil de recente capa da "Economist" acabou caindo em Angra dos Reis, para citar apenas a cidade mais explorada pela televisão nas enchentes do verão que mal começou.
Ficou evidente, se ainda fosse preciso, que o Brasil é um país colossalmente subdesenvolvido, vítima do que Janio de Freitas, na terça-feira, chamou de "urbanismo criminoso, que tantos administradores públicos têm praticado por tão longo tempo, com a permissão para o crescimento de favelas (formas de degradação da vida urbana) e para a especulação imobiliária (como degradação também da natureza)".
Vai ser difícil encontrar outra descrição tão apta do subdesenvolvimento em tão poucas linhas. Certamente não será encontrada na "Economist", que está preocupada com a emergência do mercado brasileiro, não do país.
Subdesenvolvimento não é obra de apenas um governo ou de apenas alguns anos. E o "urbanismo criminoso" descrito por Janio de Freitas é só uma de suas características centrais. Permanece o descuido, também criminoso, com educação, saúde e segurança pública, para ficar em apenas três das chagas abertas na pele do país.
Como permanece intocada a obscena desigualdade social, ainda que alguns acadêmicos, o jornalismo chapa-branca ou descuidado e a propaganda governamental façam circular a lenda de sua queda.
Ah, por falar em desigualdade, alguém aí prestou atenção na cor das vítimas das inundações? A esmagadora maioria era formada por pretos, pardos, cafuzos, não-brancos, salvo no Rio Grande do Sul. Exceto alguns turistas que estavam no lugar errado na hora errada e, por isso mesmo, viraram notícia. Preto e pobre vítima da combinação do subdesenvolvimento com excessos da natureza é rotina. É aquele imenso pedaço do Brasil que nunca emerge, mas vira e mexe submerge.
SÃO PAULO - O foguete Brasil de recente capa da "Economist" acabou caindo em Angra dos Reis, para citar apenas a cidade mais explorada pela televisão nas enchentes do verão que mal começou.
Ficou evidente, se ainda fosse preciso, que o Brasil é um país colossalmente subdesenvolvido, vítima do que Janio de Freitas, na terça-feira, chamou de "urbanismo criminoso, que tantos administradores públicos têm praticado por tão longo tempo, com a permissão para o crescimento de favelas (formas de degradação da vida urbana) e para a especulação imobiliária (como degradação também da natureza)".
Vai ser difícil encontrar outra descrição tão apta do subdesenvolvimento em tão poucas linhas. Certamente não será encontrada na "Economist", que está preocupada com a emergência do mercado brasileiro, não do país.
Subdesenvolvimento não é obra de apenas um governo ou de apenas alguns anos. E o "urbanismo criminoso" descrito por Janio de Freitas é só uma de suas características centrais. Permanece o descuido, também criminoso, com educação, saúde e segurança pública, para ficar em apenas três das chagas abertas na pele do país.
Como permanece intocada a obscena desigualdade social, ainda que alguns acadêmicos, o jornalismo chapa-branca ou descuidado e a propaganda governamental façam circular a lenda de sua queda.
Ah, por falar em desigualdade, alguém aí prestou atenção na cor das vítimas das inundações? A esmagadora maioria era formada por pretos, pardos, cafuzos, não-brancos, salvo no Rio Grande do Sul. Exceto alguns turistas que estavam no lugar errado na hora errada e, por isso mesmo, viraram notícia. Preto e pobre vítima da combinação do subdesenvolvimento com excessos da natureza é rotina. É aquele imenso pedaço do Brasil que nunca emerge, mas vira e mexe submerge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário