terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Jarbistas desconsideram Temer

Artigo transformado em carta-advertência pelo vice-presidente da República, e enviado aos diretorianos do PMDB, não intimida filiados pernambucanos

Ayrton Maciel

Efeito zero. Peemedebistas dissidentes revelam não ter se intimidado com o artigo transformado em carta-advertência pelo presidente licenciado e atual vice-presidente da República, Michel Temer, e encaminhado aos membros das Executivas estaduais e das capitais. Na correspondência, Temer – de forma clara – fala em alinhamento de pensamento e fidelidade às decisões da maioria, sob pena de ser apontada aos dissidentes a porta da rua e até mesmo a expulsão aos “recalcitrantes”. “Não me incomodei”, desconsiderou ontem o deputado federal reeleito Raul Henry, integrante da estadual do PMDB, que é “jarbista”, foi adversário de Lula e é oposição ao governo Dilma Rousseff.

A carta de advertência de Michel Temer, que não tinha ainda se licenciado da presidência nacional do PMDB, foi a simples transformação de artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo em correspondência. Entre as frases ameaçadoras, Temer diz que “a disputa local não autoriza a insurgência contra a decisão nacional” – numa referência aos que ficaram como o tucano José Serra na disputa de 2010 –, que aqueles que não se conformarem com as decisões nacionais do partido poderão se desligar do PMDB “sem que este exija o mandato” e que “o desatendimento a tal orientação deverá ensejar a expulsão do recalcitrante”.

Uma das vozes dissoantes do PMDB no Senado Federal, o gaúcho Pedro Simon – histórico peemedebista, ao lado de Jarbas Vasconcelos – também recebeu a correspondência de Michel Temer. “Ele não deu bola”, revelou o assessor de imprensa de Simon, Luiz Fonseca, colocando o desprezo do senador pelo “puxão de orelha”.

Embora a mensagem de Temer tenha sido remetida aos membros das executivas de todos os diretórios (Estados e capitais), teve, porém, um óbvio direcionamento aos dissidentes, representados hoje pelo PMDB de Pernambuco, Santa Catarina – que sofreu ameaça de intervenção por não acompanhar a aliança nacional com o PT – e Mato Grosso do Sul, além do grupo de Pedro Simon no Rio Grande.

“Ninguém aqui tem medo de ameaças”, simplificou o deputado estadual eleito, Gustavo Negromonte, sobrinho de Jarbas Vasconcelos e membro das executivas estadual e do Recife. Segundo ele, a carta é um sinal de que no governo Dilma “vai haver dificuldades dentro do PMDB”. “Vão querer agora que Jarbas seja aliado de Dilma? Isso não existe”, complementou Negromonte.

O deputado federal Raul Henry preferiu colocar “panos mornos” na polêmica aberta por Michel Temer, por acreditar que o vice-presidente da República não vai estimular conflitos internos. “O PMDB tem um DNA democrático, sempre aceitou as posições divergentes, sempre foi heterogêneo. Essa história vai terminar se acomodando”, minimizou.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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