• Parlamentares dizem que vão convocar o ministro de Minas e Energia ao Congresso para explicar apagão da tarde de ontem
Daniel Carvalho, Isadora Peron - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A oposição ao governo na Câmara e no Senado criticou a presidente Dilma Rousseff, lembrando que ela já foi ministra de Minas e Energia, e afirmou que, assim que o Congresso retomar os trabalhos, em fevereiro, vai pedir a convocação do atual titular da pasta, Eduardo Braga, para explicar às duas Casas o apagão que atingiu na tarde de ontem dez Estados e o Distrito Federal.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado por Dilma nas eleições, aproveitou o apagão para criticar outros aspectos do governo. Em uma nota intitulada "Onde está a presidente", o tucano afirmou que faltou "responsabilidade" à petista durante a campanha e agora lhe falta "coragem" para admitir os erros.
"O Brasil está assustado com o tamanho da herança maldita que o primeiro governo Dilma deixou para o País. Apagão, racionamento de energia, aumento de impostos, cortes de direitos trabalhistas já preocupam e demonstram como milhões de brasileiros foram enganados durante a campanha eleitoral", afirmou o senador.
Além de questionar o apagão que atingiu São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e o DF, os congressistas querem discutir o aumento de tarifas.
"O sistema elétrico do Brasil não aguenta nem sequer uma onda do calor", disse o líder do DEM, senador José Agripino Maia (DEM-RN). O democrata afirmou que faltou planejamento de longo prazo e comparou o apagão de ontem a um "fusível" que queima e acende um alerta de que problemas maiores ainda estão por vir.
"O governo está com 19 dias do segundo mandato da Dilma e logo tem como grande fato o primeiro grande apagão de proporções nacionais. Mostra a desarrumação, a desestruturação do setor energético brasileiro por conta do populismo, do aparelhamento do sistema e da incompetência", disse o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho, que está no Recife, onde não houve apagão.
Para o senador eleito Ronaldo Caiado (DEM-GO), "o caos no sistema elétrico tem origem na opção desastrada da presidente Dilma em provocar uma redução artificial na tarifa de energia em 2013 e ela agora deve repetir o mesmo procedimento adotado à época, quando convocou um pronunciamento oficial para defender o reajuste".
Em nota, Caiado disse que Dilma cometeu uma "barbeiragem" há cerca de dois anos e cobrou que a presidente venha a público para esclarecer a "a real situação do setor energético".
Seca. A base aliada do governo procurou atribuir o corte de fornecimento às consequências da seca no País. "É uma estiagem um pouco prolongada. Os reservatórios estão muito abaixo dos níveis normais", afirmou o senador Valdir Raupp (PMDB-RO).
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