sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Mesmo após fala de Temer, DEM vê Maia como alternativa

Em entrevista ao ‘Estado’, presidente afirmou que deputado tende a buscar a reeleição na Câmara e elogiou Geraldo Alckmin

Igor Gadelha, Julia Lindner / O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Líderes do DEM veem a candidatura do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), como uma das principais alternativas do bloco governista. Os dirigentes minimizaram as declarações do presidente Michel Temer, que avaliou que Maia tende a disputar a reeleição à presidência da Câmara e elogiou o governador tucano Geraldo Alckmin.

Para o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), a entrevista de Temer ao Estado “não significa apoio ou não do governo” a uma candidatura Maia, mas um “posicionamento de debate”. “Com a candidatura do Maia se consolidando, ela talvez seja a mais capaz de reunir apoio de legendas que compõem a base do governo”, afirmou o dirigente.

Efraim considerou ainda que o Palácio do Planalto tenta manter Maia e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, focados na agenda econômica para “não antecipar” o debate sobre a eleição, mas que isso será inevitável. “É algo irreversível que esses debates se iniciem na retomada dos trabalhos de 2018. É natural, mas não acredito que ele (Temer) consiga definir o rumo do debate. Cada vez mais a agenda política vai ser protagonista.”

O presidente do DEM, José Agripino (RN), disse que as legendas têm direito de, neste momento, tentar viabilizar candidaturas. “Rodrigo Maia, como está tendo uma exposição bastante marcante, e tem se manifestado com acerto, adquiriu muita visibilidade. Ele não se coloca como candidato, mas, queiram ou não, ele é uma alternativa.” Agripino, no entanto, ponderou que todos os movimentos em torno de uma candidatura do presidente da Câmara ainda “têm que amadurecer”.

Agenda. Maia tem intensificado articulações em busca de apoio de partidos do Centrão para viabilizar uma possível candidatura. Ontem, ele se reuniu com o ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), que comanda o PR, e almoçou com o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD).

Oficialmente, o presidente da Câmara disse que pediu apoio dos líderes dos dois partidos para aprovação da reforma da Previdência, considerada pelo grupo ligado a ele como vital para fazer a candidatura ao Planalto deslanchar.

Em entrevista em Santa Catarina, porém, Maia desconversou sobre sua candidatura. “Em época de recesso, cria-se todo tipo de história. Comecei a correr os Estados para discutir a reforma da Previdência e iniciei por Santa Catarina. É um tema urgente, difícil e fundamental para a economia, que já se recupera”, disse o deputado.

Mais cedo, Maia tinha usado sua rede social para falar de sua programação. “Hoje, agenda da reforma da Previdência. Café da manhã com Partido da República, já começamos o trabalho para a conquista dos votos. O almoço será com o governador Colombo em Florianópolis. Vamos tentar construir a participação dos governadores neste debate”, escreveu no Twitter.

Segundo interlocutores, o presidente da Câmara diz acreditar que poderá receber o apoio do PR caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja condenado em segunda instância no processo do triplex do Guarujá (SP) e fique impedido de disputar a eleição.

O julgamento do caso pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, está marcado para o dia 24. Caso o petista consiga ser candidato, Valdemar tem defendido aliança com Lula.

Negociação. O grupo de Maia também tem conversado com o ex-deputado Bernardo Santana, presidente do PR de Minas. Santana é do mesmo Estado do senador Antonio Anastasia (PSDB), o vice dos sonhos do presidente da Câmara. Outra opção seria a senadora Ana Amélia (RS), do PP. Negociação de aliança do PP com Maia está mais avançada, segundo aliados do parlamentar fluminense.

Depois do encontro com Valdemar, Maia embarcou para almoço com Colombo. O governador catarinense é do mesmo partido de Meirelles, que trava uma disputa nos bastidores com o presidente da Câmara e Alckmin para ser o candidato de centro apoiado pela maioria dos partidos da base de Temer.

Na entrevista ao Estado em que elogiou Alckmin, Temer disse que prefere Meirelles na Fazenda e avaliou que Maia “não tem nada a perder”. Maia busca se firmar como líder do Centrão, grupo do qual fazem parte PP, PR, PSD, PRB e PTB e que está sem líder desde a prisão de Eduardo Cunha (MDB-RJ).

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