sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Ana Amélia será vice de Alckmin, e MDB lança Meirelles ao Planalto

A senadora Ana Amélia (PP-RS) aceitou o convite de Geraldo Alckmin (PSDB) para ser vice na campanha à Presidência, em acordo com desdobramentos no Rio Grande do Sul. O candidato do PP ao governo do estado, Luís Carlos Heinze, sai dessa disputa e concorre ao Senado, na vaga de Ana Amélia. Heinze apoiava o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). A pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, fechou a única aliança de sua candidatura, com o PV, que lhe dará mais 32 segundos por dia na TV e um vice, Eduardo Jorge. Desde 1994 sem nome ao Planalto, o MDB formalizou a candidatura do ex-ministro Henrique Meirelles.

Alckmin terá como vice senadora gaúcha Ana Amélia, do PP, e faz Bolsonaro perder apoio

Cristiane Jungblut | O Globo

BRASÍLIA / Depois de uma semana procurando acomodar os anseios dos partidos que o apoiam, especialmente os do centrão, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, terá a senadora Ana Amélia (PP-RS) como vice. O “sim” foi dado ontem, 72 horas depois de a senadora ter dito que não havia sequer sido sondada, e, se fosse convidada, não aceitaria.

No fim da noite, Alckmin elogiou a nova companheira de chapa, dizendo que foi uma escolha sua avalizada pelos partidos do centrão:

— A vice dos sonhos era a Ana Amélia. Ela abriu mão da reeleição (ao Senado). É extremamente séria, competente. E tem a presença da mulher. Quanto mais a mulher participar, ganha a sociedade. Os partidos do centro (DEM, PP, SD, PR e PRB) delegaram a nós a escolha. Estamos muito otimistas — declarou o presidenciável, ao ser entrevistado no “Central das Eleições”, da GloboNews.

Durante o programa, Alckmin foi questionado sobre a aliança com partidos do centrão, cujos vários líderes estão sob investigação de corrupção. O tucano justificou as alianças pela necessidade de sua campanha de ganhar tempo de TV e, se eleito, aprovar reformas no Congresso.

— Não existe partido, vamos ser sinceros. O eleitor vai votar nas pessoas. Não tem partido no Brasil. Estamos colhendo as consequências da falta da reforma política, que eu pretendo fazer logo no início — respondeu. — Queremos fazer um governo reformista. Precisa de aprovar PECs, 308 (votos necessários na Câmara), precisa de maioria.

REARRANJO NO RS
Em meio aos arranjos regionais que se constroem a reboque das alianças nacionais, Ana Amélia aceitou o convite, mas impôs uma condição. Com o acerto, o PP passa a apoiar Alckmin no Rio Grande do Sul, onde antes o candidato do partido ao governo local, Luís Carlos Heinze, apoiava o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro.

O acerto é um revés para Bolsonaro no Sul do país. Com o embarque da senadora na campanha de Alckmin, ficou acertado que Heinze desiste de concorrer ao governo para disputar uma vaga ao Senado, justamente no lugar de Ana Amélia. Nesse cenário, ele passa a integrar a chapa de Eduardo Leite, précandidato ao governo pelo PSDB — que fica sem a concorrência do PP.

Com base eleitoral no Rio Grande do Sul, a chegada da senadora na chapa alimenta expectativas de Alckmin de melhorar sua performance no Sul, onde o PSDB enfrenta a concorrência de Bolsonaro e do ex-tucano Alvaro Dias, do Podemos.

Segundo integrantes do PP, o anúncio oficial será feito tão logo se discuta a questão das coligações para as vagas proporcionais, ou seja, de deputados.

Anteontem, Ana Amélia conversou com Alckmin por cerca de 45 minutos. Ela também recebeu apelos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de tucanos como o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, coordenador político da campanha de Alckmin, e o senador Tasso Jereissati.

O comando do PP avisou a Alckmin que, se ela fosse a escolhida, seria em “cota individual”, e não entraria na divisão de cargos do partido. No evento, Ana Amélia disse que estava refletindo sobre a sondagem, mas ressaltou que continuaria “independente”.

— Há duas semanas, as pessoas vêm conversando comigo sobre essas questões. São sondagens, não existe convite. Tenho que dar uma resposta ainda hoje. Continuo independente. Continuo tendo uma relação absolutamente respeitosa com o nosso presidente Ciro Nogueira. Isso é uma questão não de disciplina, mas de respeito mútuo — disse Ana Amélia.

Alckmin manifestou mais de uma vez na pré-campanha o desejo de ter uma mulher como vice. Em um evento fechado com empresários em São Paulo ele convidou, em tom de brincadeira, a empresária Luiza Trajano, dona da rede Magazine Luiza, para a vaga.

Ana Amélia tinha a preferência de Alckmin entre as opções cogitadas nos últimos dias, após a recusa do empresário Josué Gomes (PR) para a vaga. Ela tem influência com ruralistas, setor em que o tucano perdeu espaço para Bolsonaro (Colaborou Silvia Amorim).

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