quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Doria vai a Bahia e se solidariza com governador petista

Tucano cobrou firmeza de Sergio Moro em relação ao que chamou de “miliciamento das polícias militares”

Por Folhapress — Valor Econômico

SALVADOR - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reclamou ontem da atuação do ministro Sergio Moro e do presidente Jair Bolsonaro frente à crise na segurança pública e os motins organizados por policiais militares em estados como o Ceará. Classificando o movimento de "miliciamento das polícias militares", Doria chamou o movimento de inconstitucional e antidemocrático.

"Eu confio e gosto do ministro Sergio Moro, mas ele precisa ter a firmeza que tinha como juiz agora como ministro também", disse Doria, que ontem assistiu a desfiles de trios elétricos no circuito do Campo Grande, em Salvador.

A declaração representa uma mudança acerca do comportamento que o tucano vinha adotando em relação a Moro nos últimos anos. O ex-juiz, por exemplo, foi condecorado em junho passado com a principal honraria do governo de São Paulo, a Ordem do Ipiranga.

Ontem, ao falar sobre o governo Bolsonaro, o tucano criticou também "a forma desrespeitosa" com que o presidente vem se dirigindo aos governadores.

"É hora do presidente talvez ter um mergulho na humildade e repensar um pouco o papel que ele representa para o Brasil. Ele foi eleito por quase 60 milhões de brasileiros e tem uma responsabilidade muito grande, é preciso que ele cumpra, que ele exerça essa responsabilidade", disse.

Doria ainda se solidarizou com o governador da Bahia, Rui Costa (PT), alvo de críticas do presidente de familiares como o senador Flavio Bolsonaro (sem partido) no caso da operação que resultou na morte do miliciano Adriano da Nóbrega. "O presidente Jair Bolsonaro, antes da investigação, acusar o governador da Bahia de ser o mandante de um crime, passou de todos os limites. Isso é inconcebível dentro de uma democracia", disse.

Ele afirmou que convidou Bolsonaro para participar da próxima reunião dos governadores e diz esperar que ele aceite o convite: "Nós somos civilizados, administramos de forma civilizada os nossos estados. Não xingamos eleitores, não usamos as redes sociais para estigmatizar nem emparedar ninguém".

Doria ainda criticou as manifestações convocada para o dia 15 de março por aliados do presidente Jair Bolsonaro que terá como pauta críticas ao Congresso Nacional, ao Judiciário e aos governos estaduais. "É mais um equívoco do governo Bolsonaro apoiar uma iniciativa como essa. Essa iniciativa a afronta à democracia. Sou totalmente contra".

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