Sucesso do BF
decorre de rara coordenação no setor público
"Por
causa do sucesso do Bolsa Família, o Brasil se tornou referência em programas
de transferência de renda", diz a ex-ministra de Desenvolvimento Social,
Tereza Campello, que participou da criação e de todas as etapas de evolução do
BF entre 2003 e 2010, antes de assumir o ministério ao qual o benefício está
vinculado. Tereza teme, com razão, que o atual governo, com ajuda do Congresso
Nacional, desfigure o Bolsa Família.
Para quem sofre do complexo de vira-lata, uma informação: a cidade de Nova York
criou, em 2007, programa de transferência condicional de renda _ o
"Opportunity NYC" _, inspirado no Bolsa Família e no equivalente
mexicano. Ao anunciar o lançamento da iniciativa, o então prefeito da cidade
mais populosa dos Estados Unidos, Michael Bloomberg, afirmou que o benefício
foi inspirado por experiências "ao redor do mundo". O que ele não
contou foi que, pouco antes, enviara equipe de técnicos a Brasília para
conhecer o BF. A vice-prefeita de Bloomberg, Linda Gibbs, pouco depois revelou
que, sim, a experiência brasilleira, especialmente o que diz respeito a
condicionalidades, foi a que inspirou o "Opportunity NYC".
Mais de
60 países, incluídos os mencionados, procuraram o governo brasileiro para saber
do BF. Em 2007, o Banco Mundial afirmou, em documento, que o Bolsa Família e os
programas inspirados nele são uma "revolução silenciosa muda a vida de
milhões no Brasil e no mundo”. Na época, o então presidente do Banco Mundial,
Robert Zoelick, disse que o modelo brasileiro “mostra que se pode fazer
verdadeira diferença com programas modestos”.
Em 2013, o Bolsa Família recebeu da Associação Internacional de Seguridade
Social (ISSA) o "Award For Outstanding Achievement In Social
Security" (em tradução livre, prêmio por ter alcançado resultado
excepcional na área de seguridade social). Ao anunciar a premiação, a entidade
declarou que o programa brasileiro é uma “experiência excepcional e pioneira na
redução da pobreza e promoção da seguridade social”.
O
programa americano beneficia cinco mil famílias da cidade de Nova York. Não se
trata de comparar com o Bolsa Família, afinal, é uma cidade diante de um país e
os Estados Unidos são a nação mais rica do mundo. A referência aqui visa
mostrar o universo do BF e, portanto, sua complexidade. No fim de 2019, o Bolsa
Família atendia a 13,17 milhões de famílias, pouco menos de 50 milhões de
pessoas.
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