A
PM de Brasília prendeu cinco manifestantes que abriram uma faixa
contra o presidente na Praça dos Três Poderes. A notícia remete aos anos de
chumbo, quando os militares perseguiam quem ousasse contestar a ditadura.
Aconteceu ontem, sob o governo de Jair Bolsonaro.
A
escalada autoritária é liderada pelo Planalto. O ministro da Justiça, André
Mendonça, ressuscitou a Lei de Segurança Nacional para enquadrar os críticos do
chefe. Já mandou a Polícia Federal instaurar inquéritos contra jornalistas,
advogados e até cartunistas.
Agora
o exemplo do pastor inspira bolsonaristas nas polícias civis e militares. Num
país governado por um fã do AI-5, há sempre um guarda da esquina disposto a
rasgar a Constituição.
O professor Conrado Hübner Mendes, da Faculdade de Direito da USP, considera que o Brasil já vive sob um “estado de intimidação”. “O objetivo das investidas policialescas é gerar um clima de medo e autocensura. É uma forma de repressão preventiva”, define.
A
crônica dos abusos só aumenta. No Rio Grande do Sul, professores foram
processados por criticar o presidente. No Rio de Janeiro, pesquisadores foram intimados por
denunciar o desmonte da Casa de Rui Barbosa.
No
Tocantins, o ministro Mendonça mandou a PF investigar um sociólogo que
pede impeachment de Bolsonaro. Seu crime foi escrever, num outdoor, que o
capitão “não vale um pequi roído”. O pequi ainda não foi ouvido para se
defender da comparação.
Os
manifestantes de Brasília foram enquadrados na LSN porque chamaram o presidente
de “genocida”. Três dias antes, o youtuber Felipe Neto foi convocado a depor pelo mesmo
motivo. Em ambos os casos, recorre-se a uma lei da ditadura para sufocar a
liberdade de expressão na democracia.
“A
LSN está sendo usada para perseguir quem critica o governo. Isso é um abuso de
autoridade e um ataque ao Estado democrático de direito”, diz o advogado
Augusto de Arruda Botelho. Ele ajudou a fundar o grupo Cala a Boca Já Morreu,
que vai oferecer defesa gratuita a novas vítimas da caça às bruxas.
Enquanto o Supremo não varre o entulho autoritário da LSN, o bolsonarismo continua a cultuar a tirania. A Justiça Federal acaba de autorizar o Exército a festejar o 57º aniversário do golpe de 1964. Se a decisão não for reformada, os militares poderão praticar o esporte preferido do seu comandante em chefe.
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