Não quero falar daquela pessoa maligna onipresente
no pesadelo brasileiro, porque todos falam dele, parece não haver outro
assunto, pior que tudo acaba sendo ligado a ele “na ponta da linha”. Já tentei
o humor algumas vezes, o deboche, a ironia, a indignação, a fúria, não sei mais
o que fazer para divertir o leitor e livrá-lo por alguns momentos deste circo
dos horrores diário. Tentemos a poesia:
Meu passado me condena
não à culpa, à vergonha ou ao arrependimento,
nem ao remorso, à mentira ou ao esquecimento,
mas a ser quem sou agora,
feito dos erros e acertos das palavras e dos
gestos,
dos ganhos e perdas, sentimentos e razões,
de encontros e desencontros, de tantas ilusões.
Melhor disse Octavio Paz, o poeta,
“Pureza é aquilo que fica
depois de todas somas e restos”.
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Certos dias
não quero dormir nem ficar acordado,
não quero andar e nem ficar parado,
não quero sentar e nem ficar deitado,
não quero falar e nem ficar calado.
Mas quando estás ao meu lado,
mesmo dormindo em silêncio,
o tempo para, ou dispara, num momento,
e o pensamento vira puro sentimento.
Cada dia sem você,
é como Ipanema sem sol,
como uma festa sem som,
como um domingo sem futebol.
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Meu espirito é forte,
mas minha carne é fraca,
e quando o espírito fraqueja
dissolve-se a fortaleza,
cedo à sede, ao pote, à beleza,
entrego-me ao desejo
que antecede a escolha.
O caçador na verdade é a presa,
prisioneiro do desejo e da incerteza,
é dependente da vontade alheia,
escravo do instinto e da fraqueza.
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Viver um amor
não é só um sentimento,
é uma política, uma economia, uma diplomacia,
uma filosofia, uma permanente sessão de terapia,
e, às vezes, uma literatura e uma
poesia.
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Vendo tuas fotos nua,
teu olhar brilhando de desejo,
tenho inveja de mim mesmo,
do homem que te possua,
de corpo e alma, inteira,
como se cada vez fosse
a última e a primeira.
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Às vezes, na distância,
ela parece não ter existência real,
ser só fotos, vídeos, imagens,
miragens diante dos meus olhos
misturam sonhos e memórias
com planos de novas histórias
sem certeza do amanhã.
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Mas chega de saudade,
a realidade é que só há paz e be-
leza
quando estou ao lado dela,
em cima, embaixo, abraçado,
falando e ouvindo, emocionado,
que felicidade é beijar a sua boca
e por ela inteiro ser beijado.
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