segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Celso Rocha de Barros - Se for Jair agora, será Jair pra sempre

Folha de S. Paulo

Direita deve escolher apoiar ou não presidente em meio a anunciadas ameaças às instituições

A eleição de uma bancada de senadores de extrema direita no dia 2 teve uma grande vantagem: deixou claro o que está em jogo na eleição deste ano. Se Jair Bolsonaro vencer, terá maioria para mudar a Constituição e neutralizar o Supremo Tribunal Federal. Não é mais eleição para presidente. É plebiscito para ditador.

Bolsonaro disse à Veja que um projeto sobre isso "já chegou até ele", mas que só falará dele depois da eleição. Hamilton Mourão já entregou o jogo na GloboNews.

Daí em diante, é o roteiro da Hungria, da Venezuela, de todos os novos autoritários: se você tiver a suprema corte aparelhada, tudo o que você fizer será declarado constitucional, e o golpe raiz, com tanque na rua, se torna desnecessário.

Senado e STF foram as principais salvaguardas da democracia brasileira contra Bolsonaro no primeiro mandato. Se Jair vencer agora, não tem mais nada disso. Ele faz o que quiser.

E vale notar: os senadores extremistas não entraram no lugar de senadores de esquerda. Em 2022, Bolsonaro usou o peso da máquina pública para substituir direitistas tradicionais, de perfil democrático, por extremistas como ele.

O PSDB foi dizimado. Os dois partidos que serviram de escada para Bolsonaro nos debates, PTB e Novo, não conseguiram atingir a cláusula de barreiraRomeu Zema foi o último sobrevivente dos governadores que se elegeram com Bolsonaro em 2018: Jair derrubou Wilson Witzel e fez um tal cerco político a João Doria que ele nem sequer saiu candidato neste ano.

Embora Rodrigo Garcia, por ódio ao PSDB, tenha declarado apoio a Bolsonaro, o extremista Tarcísio de Freitas não o queria no palanque: o bolsonarismo só aceita a sua variedade de direita, e todo aliado da direita moderada será substituído por um radical da quadrilha na primeira oportunidade. O senador Romário foi traído por Bolsonaro poucos dias antes da eleição.

Ou seja, acabou o teatrinho de fingir que Jair Bolsonaro é um candidato normal. Se a direita bancar Jair —e, é bom lembrar, se ela quiser quebrá-lo ao meio, pode fazê-lo em questão de horas—, as instituições brasileiras, as mesmas que foram tão eficazes em forçar a esquerda a moderar seu discurso nas últimas décadas, vão ser castradas.

Daí em diante, ou Bolsonaro implantará seu fascismo, ou, em caso de vitória futura da esquerda, ela tampouco terá quem a contenha.

Afinal, a vitória de Bolsonaro em 2022 quebraria a esquerda moderada. Se nem Geraldo Alckmin como vice de Lula for suficiente para trazer a direita brasileira para a mesa de negociações, o que será?

 

5 comentários:

Anônimo disse...

Você já está chorando antes da hora mas já está sentindo a panela de pressão do povo
Bolsonaro vai ser eleito , essa palhaçada que vocês armaram a começar pelo ST F que ressuscitou esse bandido condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro
vocês todos se transformaram em cabo eleitoral do vagabundo ladrão

Anônimo disse...

Só falta o STF prender o bolsonaro.
Tic tac
Tá chegando a hora...

Anônimo disse...

A prisão de Bolsonaro só ocorrerá depois que ele deixar a presidência, quando poderá ser finalmente processado e julgado. Enquanto presidente, qualquer ação depende de autorização do Congresso, e seu cúmplice Arthur Lira não coloca em votação. São 140 pedidos de impeachment, NENHUM foi discutido na Câmara, porque Lira impede qualquer discussão sobre isto.

Anônimo disse...

O Brasil do amanhã após eleição:
Brasil como o conhecemos até então já não existirá mais em 2023. Que o Papai do Céu nos conforte

ADEMAR AMANCIO disse...

Rogai por nós!