O Estado de S. Paulo
Esquecimento Assim como Bolsonaro vai
ficando no passado, a direita quer esquecer os ataques à democracia
Com o ex-presidente Jair Bolsonaro
inelegível até 2030, os partidos de direita e os mundos político e econômico já
começam a virar uma página e abrir a próxima, onde pululam opções para assumir
um espólio poderoso: os 57 milhões de votos de Bolsonaro nas eleições de 2022.
O nome mais forte é o do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, mas um novo acaba de ser lançado nos bastidores: o da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, alavancada pelo agronegócio e com apoio em setores das Forças Armadas. O temor, porém, é de que o lançamento muito cedo possa atrair chuvas e trovoadas antes do tempo.
Se a disputa pela cabeça de chapa e pelos
votos está cada vez mais acirrada, o mesmo não se repete com outros espólios de
Bolsonaro: o estilo e o discurso. Assim como ele próprio vai ficando no
passado, a direita quer esquecer os ataques à democracia, a beligerância a toda
hora, a irresponsabilidade e o linguajar que marcam a carreira política e o
governo do ex-presidente.
A primeira reação de Bolsonaro foi se
lançar como “cabo eleitoral de luxo”, mas os próprios líderes do PL, do PP e do
Republicanos já preveem que as viagens dele pelo País tendem a minguar até se
tornarem inexpressivas.
Enquanto isso, os sucessores estarão
empenhados em lapidar a imagem da direita, as suas posições e principalmente
modos, para se aproximar do centro e se assumir como uma direita mais racional
e moderna para fazer frente à vitória da esquerda em 2022.
O destino dessa direita e do próprio
Bolsonaro, porém, está obrigatoriamente vinculado ao êxito ou ao fracasso do
terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Com Lula forte e a economia
deslanchando, o futuro é um. Com Lula fraco, radicalizando o discurso e
intervindo diretamente na economia, é outro.
A Justiça Eleitoral fez sua parte, a
Polícia Federal está a mil por hora e o Supremo Tribunal Federal está à
espreita para as próximas ações contra Bolsonaro. Mas Lula precisa ter noção da
sua responsabilidade nesse processo.
Será que ele tem?
2 comentários:
3° GOVERNO DO PRESIDENTE LULA...
A PERGUNTINHA FINAL É INFAME, TOLA, MALDOSA OU TODAS AS OPÇÕES?
Muito bom o artigo.
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