Folha de S. Paulo
Defesa de Cid e mudança de versão de Wassef
mostram que turma do ex-presidente age no modo desespero
Jair
Bolsonaro tinha um dedo de ouro para escolher auxiliares. Seu
principal assessor no Planalto era um militar que, segundo sua defesa, era tão
disciplinado que cumpria até ordens ilegais. Já o advogado particular do
ex-presidente era capaz de atravessar o continente para ocultar suspeitas sobre
o chefe e ainda jurar que agia sem ninguém pedir.
As explicações oferecidas por aliados de Bolsonaro sobre o escândalo das joias mostram que a tropa da muamba opera num modo desesperado. Uns fazem de tudo para proteger a si mesmos, e outros ensaiam piruetas para blindar o chefe. Todos acabam deixando o ex-presidente um pouco mais enrolado.
O avanço das investigações da PF testa a
fidelidade de Mauro Cid,
ajudante número um de Bolsonaro. O novo advogado contratado
pela família do coronel apareceu na GloboNews para afirmar que o
militar é inocente. "Ele é só o assessor. Assessor cumpre ordens", declarou.
Sem dizer muita coisa, insinuou que é preciso olhar para o alto.
Já o notório Frederick Wassef se expôs ao
ridículo para tentar desviar as atenções de Bolsonaro. Na segunda-feira (14), o
advogado disse que nunca tinha visto o Rolex que, segundo a PF, ele
havia recuperado nos EUA para ajudar o ex-presidente.
A estratégia de Wassef foi tão ousada
quanto obtusa. Os investigadores tinham seu bilhete aéreo para os EUA na época
das transações, os diálogos sobre sua participação na história e um recibo da
compra do relógio em seu nome, por US$ 49 mil.
O advogado teve que mudar a versão.
Convocou uma entrevista e admitiu que havia resgatado o relógio, mas
protegeu o ex-presidente: "Meu cliente Jair Bolsonaro não tem nada a
ver com essa conduta, que é minha, e eu assumo a responsabilidade".
Wassef reedita a desculpa esfarrapada que
deu em 2020, quando a polícia entrou numa casa do advogado e encontrou Fabrício
Queiroz escondido. Na ocasião, ele tentou fazer jus ao apelido
de Anjo que recebeu da família de Bolsonaro e disse que o ex-presidente
não sabia de nada.
Um comentário:
Então tá!
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