O Globo
Casa Branca não explica por que libertou
ativista agora, após 12 anos de confinamento e prisão
As Ilhas Marianas do Norte foram descobertas
em 1521 por um navegador português a serviço do rei da Espanha. Tempos depois,
seriam vendidas à Alemanha, tomadas à força pelo Japão e finalmente ocupadas
pelos Estados Unidos.
Nesta quarta (noite de terça no Brasil), o pequeno arquipélago do Pacífico foi palco de uma notícia global. O australiano Julian Assange reconquistou a liberdade, depois de 12 anos de prisão e confinamento no Reino Unido.
Assange fundou o WikiLeaks para divulgar
documentos secretos de interesse público. Em 2010, o site revelou milhares de
papéis sobre a atuação americana no Afeganistão e no Iraque. O vazamento expôs
abusos contra civis, comprovou crimes de guerra e desmontou mentiras contadas
pelos porta-vozes do Império.
Alçado ao posto de celebridade, o australiano
despertou desejos de vingança em Washington. Ameaçado de extradição, passou
sete anos refugiado na embaixada do Equador em Londres. Depois foi recolhido a
um presídio de segurança máxima, onde amargaria mais cinco anos de isolamento.
O calvário começou a terminar nesta segunda.
Assange foi acordado de madrugada, algemado e transportado em sigilo até o
aeroporto de Stansted. Lá iniciou a longa viagem até as ilhotas do Pacífico,
oficializadas como território americano em 1986.
Em acordo com a Casa Branca, o australiano se
apresentou a um tribunal e se declarou culpado numa das 18 acusações por
violação de segredos militares. Como já havia cumprido o equivalente à pena de
62 meses, o processo foi encerrado, e ele foi autorizado a voltar para casa.
A libertação encerra a batalha judicial, mas
não elucida todos os mistérios que envolvem Assange. O fundador do WikiLeaks
continuará a dividir opiniões apaixonadas. Defensores o veem como herói, e
detratores tentam reduzi-lo a uma marionete do Kremlin.
Resta entender por que o presidente Joe Biden topou o acordo para soltá-lo agora, às vésperas da eleição americana. Bom tema para um próximo vazamento de documentos secretos.
2 comentários:
Pois é.
Crimes de guerra dos EUA? Por que será que os demais colunistas brasileiros nem comentam sobre isto?? Quantas palavras Magnoli escreveu em defesa de Assange e sua luta pela LIBERDADE DE EXPRESSÃO? Lula se manifestou várias vezes, mas poucos governantes seguiram seu exemplo.
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