O Globo
Caso ilustra dois problemas do governo: paralisia decisória e dependência de aliados infiéis
Ao iniciar o novo giro pela Europa, Lula
indicou que não pretende
demitir o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. “Ele tem o
direito de provar que é inocente”, justificou.
O argumento do presidente valeria na esfera
criminal, onde a regra é a presunção de inocência. No serviço público, soa como
desculpa para proteger um auxiliar que já deveria ter sido afastado.
A Polícia Federal indiciou o ministro pela
suposta prática de seis crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro,
organização criminosa, falsidade ideológica, violação de sigilo e fraude em
licitação.
Ainda que não houvesse trambique, a obra já seria indefensável. Juscelino torrou R$ 7,5 milhões do orçamento secreto para asfaltar a estrada que passa em frente à sua fazenda. Um caso típico de apropriação do dinheiro público para fins particulares.
As suspeitas remetem a 2022, quando Jair
Bolsonaro estava no poder e o maranhense dava seus pulos como deputado do baixo
clero. Isso não livra o atual presidente do desgaste por manter um auxiliar tão
encrencado.
O caso ilustra dois problemas do terceiro
mandato de Lula: a demora para tomar decisões e a dependência de aliados
infiéis.
Juscelino virou ministro num arranjo
fisiológico que previa a troca de cargos por apoio político do União Brasil. O
partido controla três pastas, mas mantém uma relação abusiva com o
governo. Só segue sua
orientação em 54% das votações na Câmara. É o mesmo percentual do
PSDB, que faz oposição declarada.
Apesar das traições, Lula pisa em ovos para
não contrariar a legenda. Teme desagradar o senador Davi Alcolumbre, que
patrocinou a nomeação de Juscelino e deve voltar ao comando do Congresso no ano
que vem.
A paralisia presidencial não se limita a este
episódio. Lula tem hesitado para tomar decisões e fazer mudanças, mesmo diante
de apelos por uma “chacoalhada” na equipe. No caso do ministro das
Comunicações, o petista parece ter acreditado que o escândalo encolheria com o
tempo. Aconteceu o contrário.
2 comentários:
Aguardo o dia em que vocês vão perceber que o Lula é essa pessoa que vocês tentam melhorar com uma narrativa positiva , como uma mamãe sempre desculpando seu filho bagunceiro Ele foi e sempre será um homem sem palavra, ambicioso pelo poder e corrupto por natureza. Não foi à toa que foi preso e condenado em três instâncias a mais de 20 anos de cadeia por corrupção
É.
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