Na verdade, esse conflito revelava que havia uma cobiça em marcha e que ela partia de um setor minoritário dos tupi, uma vez que a tribo já conseguira gerar um excedente considerável, e sobretudo estocar os seus alimentos.
Eis o que abria a via,
objetivamente, para a sociedade dividida em classes, com o afastamento de
determinadas castas da atividade produtiva; sobretudo aquelas que gozavam de
maior prestígio, como os sacerdotes e os militares, isto é, os donos da alma e
do corpo, da paz e da guerra. Conforme escrevi em um livro meu, A saída
pela Democracia, três antropólogos elaboraram um levantamento com 425
tribos ao redor do mundo e chegaram à conclusão que nenhuma dessas tribos
praticavam a agricultura e a pecuária. Há uma relação inequívoca entre
desenvolvimento das forças produtivas e dominação de classes.
Hoje, pode estar ocorrendo
justamente o contrário: o desenvolvimento das forças produtivas possibilita –
pelo afastamento da ação exercida pelo homem sobre o processo diretamente
produtivo – a extinção das classes e, na sequência, da exploração do homem pelo
homem. São as voltas que a História promove. Para que isso ocorra,
naturalmente, é preciso uma intervenção política, uma vez que as forças
produtivas não caminham sozinhas.
*Ivan Alves Filho é historiador
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