Folha de S. Paulo
Enquanto Lula oscila,
adversários seguem firmes na montagem do plano de união em 2026
Governantes com direito
à reeleição,
regra geral, não antecipam a desistência de disputar o segundo mandato porque
isso reduz a tão falada expectativa, essencial ao exercício do poder. Promessas
de que ficarão só um período são de utilidade restrita às conveniências de
campanhas.
Luiz Inácio da Silva (PT) já fez os dois movimentos e, no curso do governo, tem oscilado entre eles. Ora indica que pode não ir, ora assegura que irá como em recente em reunião com parlamentares aos quais se disse "candidatíssimo".
Integrantes do União Brasil
e PP durante lançamento da federação União Progressista, em evento em Brasília,
em 29 de abril - Progressistas no Flickr
Os presentes ao encontro
acreditaram que ele gostaria de concorrer em 2026, mas nenhum deles deixou de
ter dúvida acerca dessa possibilidade caso as condições sejam desfavoráveis.
Hoje são adversas, conforme
demonstrado no anúncio
da federação União Progressista, em que dois partidos (União e PP),
detentores de ministérios e de cargos governo adentro, divulgaram um manifesto
de cunho francamente oposicionista.
O texto enaltece o Plano Real —cujos
30 anos, em 2024, foram ignorados pelo governo— e prega um "choque de
prosperidade" a partir de receita liberal avessa ao pensamento petista. O
slogan ecoa o "choque
de capitalismo" defendido por Mario Covas (1930-2001) nos
primórdios do PSDB, então antagonista do PT.
Na cerimônia da UP em
Brasília estavam outros dois partidos da suposta base governista (MDB e
Republicanos), enquanto o presidente de um terceiro (PSD), Gilberto
Kassab, anunciava em São Paulo apoio
a qualquer candidato de centro-direita que dispute um eventual segundo turno
com Lula.
Na mesma semana, os
governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo
Caiado (União-GO) e Ratinho Junior (PSD-PR) posavam
abraçados em eventos importantes do agronegócio. Ao mesmo tempo, políticos
desse campo explicitam cada vez mais o desejo de Jair
Bolsonaro (PL)
liberar Tarcísio
de Freitas (Republicanos) para desistir da reeleição em São Paulo e
testar a Presidência.
A direita arquiteta sua
frente ampla, deixando a Lula a tarefa de correr atrás do centro que em 2022
foi atraído por ele.
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