domingo, 13 de fevereiro de 2011

Grupo de oposição no Egito encerra protestos no Cairo, mas promete manifestações semanais

CAIRO - O principal grupo de jovens e opositores ao governo Hosni Mubarak no Egito decidiu encerrar os protestos na Praça Tahrir, no Cairo, onde se concentraram durante 18 dias até derrubarem o ditador. Os manifestantes afirmam, no entanto, que vão convocar manifestações semanais para pressionar os militares a realizar reformas democráticas. Ainda assim, outros prometeram continuar acampados na praça. A oposição segue sem uma clara liderança e não está toda unida.

Em dois comunicados, grupos à frente das manifestações cobraram a suspensão do estado de emergência que vigora desde 1981, quando Mubarak assumiu a Presidência. Eles também exigiam das Forças Armadas a libertação de presos políticos e a dissolução de cortes militares. O grupo que está por trás do "Comunicado Número 1" é composto por membros de partidos políticos, além de médicos, advogados e engenheiros, entre outros representantes da sociedade.

Os reformistas cobravam, ainda, que um conselho de transição com cinco integrantes - quatro civis e um militar - assumisse o controle do país até as próximas eleições. Eles também pediam liberdade de imprensa e de organização partidária.

À tarde, manifestantes anunciaram a criação de um conselho para defender o movimento e negociar com os militares. O grupo reuniria 20 pessoas, entre organizadores dos protestos, figuras importantes no país e líderes políticos de diferentes origens.

- O objetivo do Conselho de Curadores é manter diálogo com o Conselho Supremo e levar a revolução adiante para uma fase de transição - afirmou Khaled Abdel Qader Ouda, acadêmico ligado ao grupo. - O conselho terá autoridade para convocar protestos ou suspendê-los dependendo de como a situação se desenvolver.

Antes, as Forças Armadas, para as quais Mubarak passou o poder ao renunciar, divulgaram comunicado prometendo entregar o poder após as eleições, que, segundo a Constituição egípcia, devem acontecer dentro de dois meses. O Exército também afirmou que respeitará os acordos internacionais e, por enquanto, manterá o Gabinete de Mubarak. No fim da tarde, o chefe do conselho militar, Mohamed Hussein Tantawi, encontrou-se com ministros para acertar a volta do país à normalidade. Com o ministro do Interior, Mahmoud Wagdy, Tantawi tratou do retorno da polícia ao serviço o mais rapidamente possível. A polícia deixou as ruas nos primeiros dias da revolta contra Mubarak.

De acordo com autoridades aeroportuárias, integrantes do antigo e do novo governos só podem viajar dom autorização.

Barricadas são desmontadas na Praça Tahrir

A tranquilidade, as dúvidas e a esperança se misturam no Egito. Manifestantes que ainda estavam nas ruas pedem que Mubarak seja julgado e multiplicam os rumores de que ele teria deixado o país depois de sair do Cairo. A Praça Tahrir, símbolo dos protestos, começa a voltar à normalidade. Os militares começaram a desmontar barricadas e o povo se organiza para limpar o local.

No Parlamento, para onde os manifestantes se dirigiram nos últimos dias, já não há mais barricadas. O tráfego começa a voltar ao caos habitual. Apesar da sensação de vitória, egípcios não descartam a possibilidade de retomar os protestos caso o novo governo não cumpra com suas promessas de atender às demandas do povo.

FONTE: O GLOBO

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