quinta-feira, 24 de março de 2011

Aliado de Alckmin lidera ação judicial contra o PSD

Fernando Taquari

Aliado de primeira hora do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), o deputado estadual Campos Machado (PTB) lidera a iniciativa de contestar na Justiça o uso da sigla PSD (Partido Social Democrático). A movimentação é vista com bons olhos pelo Palácio dos Bandeirantes, que está preocupado com uma possível debandada de tucanos e aliados na Assembleia Legislativa.

O PSD foi criado duas vezes. A primeira pelo presidente Juscelino Kubitschek em 1945. Durou até 1965 quando foi extinto pela ditadura militar. Em 1980, depois que o regime liberou a criação de partidos, a sigla foi novamente registrada até ser incorporada pelo PTB, em 2003. Uma de suas principais lideranças era o deputado estadual Nabi Abi Chedid, que morreu em 2006.

Campos Machado promete recorrer à Justiça assim que chegar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o registro da nova sigla. "Na época, assumimos até os compromissos financeiros do PSD, que seguem pendentes", disse.

Além de frear o ímpeto de parlamentares interessados em migrar para a nova legenda, a iniciativa do petebista favorece Alckmin na medida em que contribui para esvaziar o palanque de Kassab, interessado em disputar o governo paulista nas eleições de 2014. O tucano deve concorrer à reeleição. Campos Machado, no entanto, nega que a ideia de contestar o uso da sigla tenha relação com a amizade ao governador.

"Somos muito amigos e eu vou acompanhá-lo sempre, mas não falei com o Geraldo (Alckmin) sobre isso", disse o deputado. A relação entre dois cresceu a partir de 2000, quando formaram uma chapa para disputar a prefeitura de São Paulo. A dobradinha foi repetida em 2008, quando tentaram, em vão, pela segunda vez chegar ao comando da capital paulista. O PTB estadual também ficou ao lado do tucano na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes em 2010.

A iniciativa ainda pode atrapalhar os planos dos futuros filiados do PSD que pretendam disputar as eleições de 2012, já que a ação deve postergar o registro da sigla. Advogado do PTB, Itapuã Messias ressaltou que o TSE nunca julgou uma situação similar. Mesmo assim, está otimista. Alega que ao invés da fusão, quando uma legenda se une a outra e cria um terceiro partido, a incorporação envolve a adoção do estatuto e do programa partidário da sigla incorporadora. Já os aliados do prefeito afirmam que o PSD deixou de existir e por isso não haveria impedimentos à sua criação.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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