domingo, 10 de abril de 2011

Oposição busca forma de enfrentar estilo Dilma

PSDB e DEM avaliam que jeito mais discreto da presidente os obriga a renovar sua atuação

Silvia Amorim

SÃO PAULO. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) conclamou semana passada, da tribuna do Senado, toda a oposição a se unir para promover um "choque de realidade" no país. A tarefa se revela ambiciosa diante do estado em que se encontram os principais partidos oposicionistas, PSDB e DEM. Mais do que superar crises internas e o distanciamento entre eles, tucanos e democratas avaliam que precisam renovar não só o discurso, mas a forma de agir. O diagnóstico é que o estilo discreto e cauteloso da presidente Dilma Rousseff desarmou a oposição.

Após três meses de gestão, líderes de PSDB e DEM concluíram que a fórmula usada pela oposição no governo Lula não surtirá efeito com a sua sucessora. Com o ex-presidente, as duas legendas se acostumaram a fazer uma oposição mais reativa do que ativa, surfando basicamente nos discursos polêmicos de Lula. Ele tinha uma agenda de eventos intensa, aparecendo em público quase diariamente, o que propiciava aos oposicionistas pautas suficientes para fazer o enfrentamento com o governo.

"Lula dava mais gancho para a oposição", diz tucano

Com Dilma, a fonte secou. As poucas aparições públicas e os discursos comedidos e sem improviso, que estão virando a marca da presidente, reduziram a voz da oposição.

- Ela adotou discrição, o que dificulta o trabalho da oposição e funciona como uma blindagem para a presidente. O Lula dava mais ganchos para a oposição - afirmou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).

- Lula era 24 horas por dia no palanque. Já a Dilma tem um perfil menos eleitoreiro, o que faz com que esse embate da oposição com o governo tenha que mudar de características - avaliou o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA).

A preocupação da oposição é encontrar uma nova fórmula para recuperar espaço. Por ora, o entendimento, unânime, é que o caminho para sobreviver será fazer um trabalho sério de fiscalização do governo. Na tribuna do Senado, quarta-feira passada, esse foi um dos chamamentos de Aécio.

- Em relação ao governo, temos como obrigações básicas: fiscalizar com rigor, apontar o descumprimento de compromissos com a população, denunciar desvios, erros e omissões e cobrar ações que sejam realmente importantes para o país - discursou o mineiro.

DEM vai lançar "promessômetro"

É nesse contexto que o DEM prevê lançar na próxima terça-feira, na liderança do partido na Câmara, um "promessômetro" da gestão Dilma, painel que mostrará as promessas feitas na campanha eleitoral e em que pé está a sua execução. A iniciativa é inspirada no "impostômetro" de São Paulo, que mede a carga tributária e, alimenta os discursos da oposição.

- A fiscalização mais rigorosa das ações do governo é o caminho para não deixar que esse estilo da Dilma amarre a oposição - resumiu Dias.

FONTE: O GLOBO

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