"Curioso. Foi da presidente Dilma a iniciativa de devolver a luta contra a corrupção à agenda dos brasileiros, normalmente pouco interessados no assunto. Vai ver que cansaram de pedir providências contra a roubalheira e agora custam a acreditar no êxito de refreá-la. Bem, aí quando apareceu gente disposta a dar uma força à ideia de Dilma...
O que aconteceu? Dilma fez cara de paisagem. Como se dissesse: "Quem? Eu? Combater a corrupção? Imagina! É claro que combaterei. Como o presidente Lula combateu... Mas, sabe? Isso é obrigação de qualquer governo. De qualquer um. Meu negócio é varrer a miséria do país". Gracinha!
Dilma tem medo do quê? Dos políticos ladrões que a apoiam se sentirem ofendidos e a abandonarem? Do PT achar que seus mensaleiros só têm a perder com uma campanha contra a corrupção às vésperas de serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal? Da lama a ser revolvida respingar em Lula sem querer? De acabar sobrando para ela mesma?
Não, não afirmo que Dilma tenha protagonizado falcatruas ou se beneficiado de falcatruas cometidas por quem lhe devia obediência. Falta esclarecer, porém, o caso de Erenice Guerra, que a sucedeu na Casa Civil. O filho de Erenice, com a anuência dela, traficou influência e fez lobby. A mãe perdeu o emprego. Dilma foi a última a saber? "
Ricardo Noblat, jornalista. Que pena, Dilma! O Globo, 12/9/2011
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