segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A boa consciência da França:: Luiz Carlos Bresser-Pereira

Reconhecer como genocídio morte de armênios é obra de políticos oportunistas para agradar a cidadãos

Como compreender a decisão do Parlamento francês de definir algo que aconteceu há quase um século como genocídio dos armênios pelos turcos?

Do ponto de vista político, não faz sentido para a França um conflito com a Turquia -o mais importante país do Oriente Médio e uma potência emergente. Por que, então, esse testemunho oficial sobre algo que aconteceu, mas que hoje nada tem a ver com a França?

Só encontro uma explicação: trata-se de uma manifestação de "boa consciência" de uma França imperial para com seus cidadãos, que são homens e mulheres dotados de elevados princípios morais.

O que significa "boa consciência" nesse caso? Infelizmente, nada de bom. A dominação, o império, as muitas formas de exploração precisam sempre de boa consciência.

Precisam de boas razões morais para seus atos, ou, quando é impossível, exibir para todos sua consciência moral, neste segundo caso configurando-se a boa consciência.

A França, como Reino Unido e EUA, precisa dela porque seu livro de violência imperial com os povos da periferia e, em particular, com o Oriente Médio é longo e tenebroso.

Até a Segunda Guerra, esse imperialismo se manifestou por meio do sistema colonial.

Quando os povos da região lograram sua independência, o imperialismo francês e de seus associados ricos manifestou-se pontualmente pela guerra e, em geral, por meio do "soft power" -conselhos, ameaças e pressões sobre elites locais geralmente aliadas e corruptas.

O prontuário da França nessa matéria no Oriente Médio é lamentável, e é terrível na África. A África subsaariana é, na prática, uma colônia administrada por um banco central comum com sede em Paris.

A participação do governo francês no genocídio dos tutsis em Ruanda é algo que volta e meia é discutido na grande imprensa do país. Com grande pesar dos franceses.

Diante disso, a necessidade de boa consciência torna-se imperativa. Geralmente, ela se manifesta sob a forma de "soft power", sem conflito com os interesses nacionais do país: julgam-se os governantes dos países mais pobres pelos padrões de avanço cultural e político dos países ricos; e, com base nesse julgamento, criticam duramente como "autoritários" e "populistas" os governantes que ousam ser nacionalistas e estabelecer limites aos interesses de suas multinacionais.

Enquanto isso os ditadores amigos são amavelmente esquecidos.

Sob essa forma, a boa consciência coincide com a lógica da dominação. Ela expressa os valores da democracia ao mesmo tempo em que atende a interesses considerados nacionais.

Mas há momentos em que coisa não é tão simples. Que é preciso pensar em termos dialéticos.

Dado que os cidadãos dos países ricos são exigentes em termos de princípios democráticos e de direitos humanos, políticos oportunistas aproveitam alguns momentos para apaziguar a boa consciência dos seus cidadãos com atos "heroicos". É o que acontece com o reconhecimento de genocídio dos armênios.

Nesse caso, o preço da boa consciência é uma decisão que não serve à Armênia, ofende a Turquia e não interessa à França. Mas apazigua consciências culpadas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

3 comentários:

Catherine disse...

Artigo equivocado, inoportuno e antes de tudo, injusto. É o que dá palpitar sobre assuntos q o autor (Bresser P.) não conhece. Devia se informar, aprofundar, e mais do que tudo, usar a consciência. Não seguir a corrente chamada 'pragmática'. Um conselho: se tem tanta vontade de palpitar em temas que ele desconhece por completo, nem q seja para honrar o seu compromisso de trabalho com a folha, sugiro que não fale de feridas tão graves. Que tal falar de futebol ou.... culinária ? Ele está se referindo a mais de um milhão de mortos, não numa tragédia natural, como tsunami, mas numa decisão de governo... Resumindo, só existem descendentes de imigrantes armênios no Brasil por causa do Genocídio de Armênios entre 1915 e 1923. Meu pai tinha razão: o mais perigoso é o falso culto, o falso intelectual....

Jorge Rubén Kazandjian disse...

Realmente es una vergüenza leer los comentarios de esta persona. No es posible creer que alguna vez haya sido funcionario de Brasil. Su desconocimiento del tema es absoluto y sólo habla desde una posición muy sospechosa de lobbysta turco. Un millón y medio de armenios muertos pesarán sobre su conciencia, a menos que le dé más valor a las libras turcas.

Jorge Rubén Kazandjian disse...

Realmente es una vergüenza leer los comentarios de esta persona. No es posible creer que alguna vez haya sido funcionario de Brasil. Su desconocimiento del tema es absoluto y sólo habla desde una posición muy sospechosa de lobbysta turco. Un millón y medio de armenios muertos pesarán sobre su conciencia, a menos que le dé más valor a las libras turcas.