Seis dos 10 ministros já votaram pela condenação dos ex-dirigentes do Banco Rural Kátia Rabello e José Roberto Salgado por gestão fraudulenta por causa de empréstimos de R$ 32 milhões ao PT e a Marcos Valério. Basta só mais um voto para condenar Vinicius Samarane, vice-presidente do banco, e para absolver a ex-diretora Ayanna Tenório pelo mesmo crime.
Maioria do STF condena 2 ex-diretores do Rural
Falta apenas um voto para a condenação do atual vice-presidente do banco; julgamento continua hoje
Carolina Brígido, André de Souza e Thiago Herdy
BRASÍLIA A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou pela condenação dos réus Kátia Rabello e José Roberto Salgado, ex-dirigentes do Banco Rural, pelo crime de gestão fraudulenta no processo do mensalão. O placar contabiliza ainda cinco votos a um pela condenação de Vinícius Samarane, atual vice-presidente do banco, pelo mesmo crime. Já Ayanna Tenório, ex-funcionária, tem cinco votos pela absolvição e um pela condenação.
O chamado núcleo financeiro do mensalão integrava a cúpula do Banco Rural e é acusado de conceder empréstimos fraudulentos de R$ 32 milhões ao PT e a duas agências de publicidade do operador do mensalão, Marcos Valério: a SMP&B e a Graffiti. A conclusão dessa parte do julgamento deve ocorrer hoje, com o voto de outros quatro ministros da Corte. Basta mais um voto condenando para que Samarane seja considerado culpado, e um voto pela absolvição para Ayanna ser inocentada.
- A entidade bancária serviu de verdadeira lavanderia de dinheiro. (...) Nem gestão fraudulent nem gestão temerária, o crime deveria ser gestão tenebrosa, pelos riscos e pelas consequências que acarreta à economia popular - disse o ministro Luiz Fux.
O relator, Joaquim Barbosa, tinha recomendado a condenação dos quatro. Na sessão de ontem, o revisor, Ricardo Lewandowski, proferiu a segunda parte de seu voto. Na segunda-feira, ele condenara Kátia e Salgado. Ontem, ele absolveu Ayanna e Samarane por falta de provas.
O revisor lembrou que Ayanna, ex-diretora do banco, foi contratada em 12 de abril de 2004, três dias antes da morte do então presidente do Rural, José Augusto Dumont, que, segundo os autos, teria iniciado a relação financeira com Marcos Valério e o PT.
Lewandowski argumentou que a ré só havia autorizado a renovação de dois empréstimos a empresas de Valério, em documentos que contavam também com a assinatura de Salgado, seu superior.
- Ela nada mais fez do que seguir a orientação do então vice-presidente de operações, que era responsável pela área - afirmou o ministro.
Ministros seguem revisor
Sobre Samarane, Lewandowski argumentou que ele não assinou a concessão de nenhum empréstimo e tampouco autorizou a rolagem de qualquer dívida, por isso deveria ser inocentado. Para a acusação, como chefiava uma diretoria responsável pela auditoria e pela inspeção no banco, Samarane poderia ter evitado a realização das operações.
Em seguida, os ministros Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli e Cármen Lúcia condenaram Kátia, Salgado e Samarane, e absolveram Ayanna pelos mesmos motivos alegados pelo revisor. Para os quatro, Samarane teve participação relevante para a renovação dos empréstimos, mesmo não assinando os documentos de renovação.
FONTE: O GLOBO
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