Presidente diz ter tido surpresa com artigo de FH sobre herança de Lula
Maria Lima, Tatiana Farah
BRASÍLIA e SÃO PAULO - Se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a cúpula do PSDB ficaram surpresos com a veemência da presidente Dilma Rousseff ao responder o artigo tratando da "herança pesada" que teria recebido do ex-presidente Lula, ela também se mostrou surpresa com o que considerou "um avanço de sinal" na relação amistosa dos dois.
Em conversa com o senador Jorge Viana (PT-AC) e o governador do Acre, Tião Viana, terça-feira, Dilma lembrou que tinha construído uma boa relação com Fernando Henrique, mas achou impróprio ter sua fidelidade ao governo Lula posta em dúvida.
- Olha, ninguém tem o direito de questionar meu caráter ou minha fidelidade ao governo do qual fiz parte durante oito anos como ministra das Minas e Energia e chefe da Casa Civil. Fazer crítica ao governo, pode, mas questionar minha posição, não! Sempre que acontecer isso, minha posição será muito clara: vou dizer que ninguém pode questionar minha fidelidade aos nossos governos - disse Dilma.
Ontem, Dilma viajou a São Paulo para se reunir com Lula por três horas no escritório da Presidência, na Avenida Paulista. Ela estava acompanhada do ministro da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, e do assessor especial Marco Aurélio Garcia.
Para presidente, uso de seu nome nas críticas a Lula foi indevido
Presença em atos de campanha do PT será a partir do dia 15
Na conversa com Jorge Viana e Tião Viana, terça-feira, a presidente Dilma Rousseff deixou claro que partiu dela a decisão de responder ao que considerou uso indevido, pelo ex-presidente Fernando Henrique, de seu nome nas críticas ao ex-presidente Lula.
- Tenho construído uma boa relação com o ex-presidente Fernando Henrique, mas aí não - reclamou ela.
Segundo Jorge Viana, o PT ficou mesmo muito satisfeito com a reação de Dilma. Os petistas deram uma dimensão maior às críticas de Fernando Henrique Cardoso, porque se deram a dois anos da eleição de 2014. O PT entendeu como uma tentativa de quebrar a boa relação entre Lula e Dilma.
- A presidente Dilma tinha que melhorar a autoestima de todo mundo. Foi um discurso para dentro do PT, para os novos e para os velhos aliados, e também para a oposição - disse Jorge Viana.
Encontros a cada 20 dias
Dilma vai a São Paulo a cada 20 dias para discutir com Lula assuntos de governo e, agora, para acertar sua entrada nas campanhas municipais do PT . Além da campanha, os dois conversaram também sobre o embate com o ex-presidente.
Embora tenha ocorrido no meio da tarde de uma quarta-feira, o encontro com Lula foi considerado privado e não estava na agenda oficial da Presidência, divulgada no site do Palácio do Planalto.
Segundo Jorge Viana, Dilma só deve participar mesmo de algumas campanhas do PT a partir do dia 15 de setembro, com gravações. Não há confirmação se ela vai participar do evento de campanha de Fernando Haddad, candidato do PT a prefeito de São Paulo, no Centro de Tradições Nordestinas, na capital paulista.
Lula convidou Dilma para o encontro de Haddad com governadores da base aliada no Nordeste. Entre eles está o presidente do PSB, Eduardo Campos, de Pernambuco, em rota de colisão com os petistas.
Lula espera que Dilma participe. Ela estará em Nova York do dia 23 a 26, para participar da Assembleia Geral da ONU, e do dia 30 a 2 de outubro estará no Peru.
Dilma já fez gravações de TV para o programa eleitoral de Haddad. As gravações, comandadas pelo marqueteiro da própria Dilma, João Santana, foram em Brasília. Ontem, ela não se encontrou com Haddad, mas é esperada em atividades eleitorais para a segunda quinzena do mês, reta final da campanha.
O comando da campanha de Haddad ainda não decidiu quando serão usados os vídeos feitos por Dilma. No vídeo, Dilma destaca o trabalho de Fernando Haddad como ministro da Educação.
FONTE: O GLOBO
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