Bruno Boghossian
A ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo indiciada
por corrupção na Operação Porto Seguro, Rosemary Nóvoa de Noronha, afirmou, em
e-mail interceptado pela Polícia Federal em março deste ano, que conversava
"todos os dias" com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A mensagem foi enviada por Rose a Paulo Vieira, diretor afastado da Agência
Nacional de Águas (ANA), apontado por investigadores como chefe de uma
quadrilha que comprava pareceres técnicos de órgãos públicos para beneficiar
empresas.
"Mandei uma notícia de ultima hora sobre a alta do PR (presidente da
República) e vc nao falou nada... Tenho falado com ele todos os dias, agora ele
já está voltando a política e logo vou resolver se fico no Gabinete",
escreveu Rose a Paulo Vieira. A sigla PR é usada no Palácio do Planalto para
identificar presidentes.
O e-mail foi enviado em 29 de março, um dia depois que a equipe médica do
Hospital Sírio-Libanês confirmou a remissão total de um tumor na laringe do
ex-presidente. Na ocasião, Lula divulgou um vídeo em que dizia "voltar à
vida política".
A operação da Polícia Federal também teria gravado 122 telefonemas entre o
ex-presidente e Rose entre março de 2011 e outubro deste ano, segundo
reportagem publicada pelo jornal Metro. A média seria de cinco ligações por
dia.
A oposição cobrou explicações de Lula sobre a nomeação de Rose, e sobre os
contatos entre ela e o ex-presidente. "Qual o motivo desses contatos, uma
vez que ele não estava mais na Presidência?", indagou o deputado Carlos
Sampaio (PSDB-SP).
A assessoria do Instituto Lula, que representa o ex-presidente, não se
manifestou sobre o caso.
Os partidos também querem ouvir explicações dos diretores de agências
nomeados por Rose. Os parlamentares ainda pedirão esclarecimentos ao
advogado-geral da União, Luís Adams, sobre o envolvimento de seu subordinado José
Weber Holanda, advogado-geral adjunto, no esquema.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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