O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra, cobrou presença maior de Aécio Neves nos debates que antecipam a sucessão presidencial de 2014 e defendeu que o partido precisa "recalibrar" o discurso para "falar ao imaginário do povo brasileiro".
Daniel Biasetto
O senhor acha que o senador Aécio Neves tem sido tímido para quem se apresenta como pré-candidato nas eleições de 2014?
Acho, sim, precisa mostrar mais a cara. E tenho dito isso a ele diariamente. Mas também estou seguro de que quando começar a fazer isso vai progressivamente assumir o seu papel na disputa. O partido e o Brasil precisam que isso aconteça. Precisamos ter um candidato que represente uma opção de poder.
Essa mudança de comportamento se estende ao partido, ao discurso da legenda?
O partido precisa recalibrar o discurso e apontar para uma alternativa em que prevaleça o desejo da sociedade e de novos setores que vêm crescendo e querem se expressar.
E, nesse momento, falta algo para o PSDB consolidar um projeto político?
Precisamos ter um discurso coerente, nacional, que unifique os seus líderes. Falar ao imaginário do povo brasileiro e, principalmente, trabalhar por objetivos construtivos.
Concorda que a oposição está em crise?
Acho que a crise principal que prevalece aí, e que estava nas eleições para as presidências da Câmara e do Senado, é a crise da base do governo. É um erro tentar identificar isso na oposição. Do ponto de vista parlamentar, a oposição tem tido uma atitude segura, isso pode ser visto em centenas e centenas de votações.
Acredita que o governador Eduardo Campos (PSB-PE) possa vir a assumir esse contraponto ao governo federal?
O governador de Pernambuco diz que apoia Dilma. Não acredito que ele saia candidato, a princípio, apesar de ver nele todas as condições de disputar uma eleição. Hoje ele é uma das poucas lideranças brasileiras e tem tido uma conduta de qualidade também em seu estado. Assim como ele foi um dos líderes mais ativos de seu partido, Aécio foi do PSDB.
Na eleição para a presidência do Senado, o PSDB foi contra Renan, mas na votação tucanos votaram a favor...
Não teve orientação nenhuma. A bancada decidiu pela proporcionalidade e todos nós acatamos. A advertência (de Aécio) tem fundamento quando se fala em eleger um presidente que represente o Congresso, não uma facção do Congresso. Eu não posso discutir o voto secreto. O PSDB não elege e nem derrota candidatos a presidente da Câmara, é a base do governo. É a presidente Dilma.
Seus elogios a Júlio Delgado (PSB-MG) incomodaram integrantes do seu partido...
Não fiz nenhum elogio ao PSB, mas, sim, ao discurso do Júlio Delgado, que foi de muito boa qualidade. Acho que tudo que aponte na direção da recuperação da afirmação do Congresso é positivo. Não apenas do Congresso, mas também do Judiciário, de tudo que aponte na direção da eliminação desse quadro de decadência das instituições, eu sou entusiasmado e vou sempre apoiar.
Fonte: O Globo
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