O caso do deputado Marco Feliciano está na hora de acabar. Por bem, não vai. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e até colegas de PSC do deputado tentaram convencê-lo a deixar a presidência da Comissão de Direitos Humanos, sem sucesso.
No grito, também não vai. Os protestos - muitos agressivos outros bem criativos - só fizeram alimentar a teimosia de Feliciano na proporção direta em que a polêmica aumentava seu prestígio e o levava a frequentar espaços nunca dantes navegados por ele nos meios de comunicação.
Pela confusão que gera, o deputado é notícia, desperta a curiosidade das pessoas, provoca ações e reações que movimentam o círculo do falatório e mantém o assunto em evidência.
O tema essencial aqui, hoje, já não são as opiniões do deputado, amplamente conhecidas, algumas até aparente e propositadamente exageradas para "render". O principal é a paralisia dos trabalhos de uma comissão permanente da Câmara.
Não que o lema das comissões seja "meu nome é trabalho". Nada disso. O ponto é a impossibilidade de um colegiado se reunir porque é presidido por alguém que se tornou inaceitável.
Aí se misturam razões racionais, oportunismo, excessos da patrulha dita politicamente correta e indignidades à deriva sempre em busca de uma causa mais fácil diante do insucesso (preguiça, submissão ideológica ou o que for) no enfrentamento de combates mais consistentes.
Mas tudo tem um limite. Até o ridículo, embora os desdobramentos da fama recentemente adquirida possam não ser tão risíveis. Quem poderia imaginar que um governador meio amalucado das Alagoas seria presidente da República quando surgiu na televisão falando em nome do Partido da Juventude?
Os partidos que não se interessaram pela presidência da Comissão de Direitos Humanos tampouco avaliaram o tamanho da encrenca.
Feliciano fala em mobilizar seu "povo" ao embate político; seu partido começa a elucubrar voos mais altos; todo valente, ele invoca os pecados de colegas para desafiá-los a lhe atirar a primeira pedra.
Já passou da hora de a Câmara cortar esse mal pela raiz. O questionamento sobre quebra de decoro pode ser um caminho. Um instrumento de pressão para levá-lo a considerar a renúncia à comissão para preservar o mandato.
Voltando à planície, degustaria o chá de ostracismo que está a merecer. Para isso é preciso que o conjunto da Casa não tema o poder eleitoral do "povo" de Feliciano e leve em conta que venenos são inoculados assim: sorrateiramente, no vácuo da distração.
Nem pensar. A presidente Dilma Rousseff ouviu, e negou socorro do governo ao empresário Eike Batista. Da reunião-apelo participaram representantes do BNDES, Itaú, Bradesco, BGT-Pactual e o próprio Eike, em dificuldades para honrar as dívidas com todos eles.
Dilma ainda alertou que se algo de pior vier a acontecer aos negócios do empresário símbolo (pelo jeito com pés de barro) da prosperidade nacional, isso afetará ainda mais a disposição interna e externa do setor privado para investir no Brasil.
Presença vip. No segundo semestre o senador Aécio Neves planeja frequentar o noticiário político com frequência e veemência. Vai a todos os lugares onde puder "mostrar o rosto" e "soltar o verbo".
No momento, quem cumpre esse papel é Eduardo Campos. Sobre o circuito do governador em conversas com políticos e empresários, diz Aécio: "Os caminhos que o Eduardo está percorrendo eu já percorri e vou percorrer de novo".
Fonte: O Estado de S. Paulo
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