- O Globo
Há cinco meses, o futuro presidente da Petrobras defendeu que era ‘urgente’ privatizar a estatal. Ontem ele disse que a ideia ‘não está em discussão’. Vale o falado ou o escrito?
O novo presidente da Petrobras vê uma “urgente necessidade” de privatizá-la. Roberto Castello Branco usou a expressão em junho, em artigo na “Folha de S.Paulo”. O texto defende, sem meias palavras, que a maior estatal brasileira seja passada nos cobres.
Ontem o economista disse que a privatização da Petrobras, que ele considerava urgente há cinco meses, “não está em discussão”. Vale o falado ou vale o escrito? Será preciso esperar para ver, como de resto em quase tudo no governo eleito.
Castello Branco é um dos homens de Paulo Guedes, o “Posto Ipiranga” de Jair Bolsonaro. O futuro superministro já havia emplacado os chefes do BC e do BNDES. Agora vai instalar outro ex-pupilo da Universidade de Chicago na petroleira, cujo valor de mercado ultrapassou os R$ 350 bilhões na sexta passada.
Ao longo da campanha, Guedes defendeu a privatização de “todas” as estatais. “O governo pode vender a Petrobras, por que não?”, questionou, em entrevista à GloboNews. A lógica indica que ele continuará a martelar a pergunta no ouvido do capitão.
Até aqui, Bolsonaro tem feito todas as vontades de seu futuro ministro. “Estou dando carta branca para o Paulo Guedes. É ele que está escalando o time”, disse ontem, como se alguém ainda duvidasse.
O presidente eleito acrescentou que a Petrobras poderá ser vendida “em parte”, mas se enrolou quando os repórteres pediram detalhes. “Alguma coisa você pode privatizar, não toda, tá certo? É uma empresa estratégica e nós tamos conversando sobre isso daí”, disse.
A resistência à privatização total tende a vir do núcleo militar do governo. O general Hamilton Mourão diz que as áreas de distribuição e refino podem ser negociadas, mas que o resto “não vai ser privatizado”.
A Petrobras fez 65 anos em outubro. Nas últimas décadas, sobreviveu a um governo que tentou mudar seu nome para PetroBrax, a pretexto de internacionalizá-la, e a outro que fatiou suas diretorias entre partidos aliados, no esquema descoberto pela Lava-Jato. Em sua certidão de nascimento está o nome do general Horta Barbosa, líder da campanha “O Petróleo é Nosso”.
Um comentário:
artigo covarde. MAM
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