- Folha de S. Paulo
Titular da secretaria, Fabio Wajngarten dedica-se a negar a realidade
Fabio Wajngarten é o responsável pela comunicação de um presidente da República que dá entrevistas coletivas diárias embaixo de uma mangueira.
Vai muito além do campo técnico (e folclórico), porém, o principal problema da Secom. Seu titular dedica-se a negar a realidade.
Questionado pela Comissão de Ética da Presidência se exerceu atividades que possam gerar conflitos de interesse na área, respondeu com um não peremptório mesmo tendo 95% das cotas de uma empresa que trabalha para agências e televisões contratadas por sua secretaria.
Paralelos históricos mostram que sua defesa não para em pé. A Polícia Federal passou a investigá-lo a pedido do Ministério Público. Assessores dizem ao presidente que a situação é insustentável.
Bolsonaro, como de hábito, ignora os alertas e ataca o jornalismo que expõe o problema. Que ele não guarda respeito pela imprensa sabe-se há muito. O presidente fala em alto e bom som que empresas deveriam deixar de anunciar em veículos.
Fabinho, como é conhecido o secretário, chegou ao Planalto para mudar a tática, não a meta. Seu ativo é circular com desenvoltura pelo mercado publicitário. Pelo que faz em público, fica patente que não tem grande pudor no tocante aos meios para atingir seus objetivos.
Cineasta deu entrevista fazendo críticas ao governo do qual faz parte? Dá-lhe usar a máquina pública para atacar a diretora.
Emissora de TV não é do gosto do chefe? Basta pegar a caneta e direcionar dinheiro público para as concorrentes, a despeito de critério técnico.
Jornal publicou reportagem que lhe desagradou? Tome chamar entrevista coletiva para fazer ameaças em código que não ficariam devendo em nada às vistas nos filmes de mafiosos.
As atitudes de Wajngarten traçam uma linha muito nítida entre o que é republicano e o que não é. São escandalosas mesmo para os parâmetros do governo Bolsonaro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário