A carta dos países europeus divulgada hoje evidencia que estão queimando também a credibilidade do agronegócio moderno e legalizado e de todas as demais empresas exportadoras, ora ameaçadas por barreiras comerciais. Carbonizam, ainda, poderosa ferramenta de soft power, capaz não apenas de gerar divisas, mas também de ampliar a influência brasileira em fóruns internacionais.
Onde estão as comissões de Meio Ambiente do Senado e da Câmara? Por que o Congresso que deu voz e representação política a ambientalistas como Alfredo Sirkis, Fernando Gabeira e Marina Silva, entre tantos outros, se cala?
Mais de 200 instituições financeiras, empresas e ONGs – da JBS à Natura, passando por WWF Brasil e Imazon – apresentaram propostas para deter a selvageria que avança sobre florestas e animais. Os maiores bancos do país criaram um conselho consultivo para ampliar o financiamento de projetos sustentáveis e a adoção de critérios de compliance ambiental em suas linhas de crédito.
A Polícia Federal viu indícios de ação criminosa em incêndios no Pantanal e aponta cinco nomes de Mato Grosso do Sul como principais suspeitos. São conhecidos os 10 criminosos que mais desmatam a Amazônia, multados pelo IBAMA. O próprio ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, tem contra si apurações do Ministério Público. Greta Thunberg e Leonardo Di Caprio têm algo a dizer a respeito, mas não o Congresso brasileiro?
A continuar se omitindo, o Legislativo se associa ao descalabro do laissez-faire bolsonarista, para o qual, desde a chegada do atual projeto político ao poder, todos os dias são Dia do Fogo. A leniência com que o ministro do Meio Ambiente e o presidente tratam o assunto e o passar-de-panos do vice Hamilton Mourão têm funcionado como senhas para o liberou-geral.
CPIs foram propostas, aprovadas, investigaram e puniram por muito menos. O Cidadania irá protocolar no Senado e na Câmara um pedido para apurar as responsabilidades na destruição criminosa do Pantanal e da Amazônia. Que os nossos parlamentares tenham consciência da gravidade do momento e do papel histórico que deles se espera. É comum falar do impacto para as gerações futuras, mas aqui falamos também das consequências imediatas da ação de uma minoria.
O Brasil, os
brasileiros, as empresas e os empregos não podem pagar a conta por um cálculo eleitoral
e financeiro digno de milícias instaladas no seio do Estado.
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