O Estado de S. Paulo.
O que é mais grave e realmente perigoso: ser tarado por vacina ou tarado contra vacina?
Pense rápido: o que é pior, ser “tarado por
vacina” ou tarado contra vacina? O presidente da República, Jair Bolsonaro,
tenta insistentemente dividir o País entre os dois grupos, mas não dá certo,
porque ele fala, fala, fala contra a imunização de adultos e agora de crianças,
mas ninguém lhe dá ouvidos. Os brasileiros sabem que a questão não é ideológica,
mas de vida ou morte.
“Ninguém” talvez seja exagero, porque há tarados que dão de ombros para a ciência e seguem tudo o que seu mestre, ou seu mito, mandar. É triste, talvez doentio. Bolsonaro já proibiu a compra da Coronavac, a “vachina do Doria”, e disse que quem se vacina vira jacaré, as duas doses causam aids na Inglaterra e que tão poucas crianças morrem de covid... Pra que vacinar?
Perguntem aos pais, mães, avós, tios,
irmãos, primos, amigos e médicos dos 308 mortos pela doença entre 5 e 11 anos e
dos 2.500 abaixo dos 19 anos, que teriam sido salvos com vacinas. E dá um
arrepio pensar em quantos ainda podem ser contaminados, internados e... até as
doses chegarem.
Ao tentar dividir a população entre tarados
pró e contra vacina, Bolsonaro também racha seu governo e sua base aliada.
Enquanto ele ataca as vacinas, a nova propaganda oficial badala o índice de
imunizados no Brasil e o Exército reforça suas diretrizes pró vacina e contra
fake news na pandemia. Vale para o comandante em chefe?
Médicos criticam o estúpido negacionismo do
presidente e pediram investigação do ministro Marcelo Queiroga no Conselho
Federal de Medicina por desvios ético-profissionais, a Sociedade de Imunização
também se rebela e a Sociedade de Pediatria diz em nota que desestimular os
pais a imunizarem seus filhos é “lamentável e irresponsável e pode custar
vidas”.
O que dizer da deputada Bia Kicis, que
jogou no WhatsApp e dali para as matilhas bolsonaristas da internet dados
pessoais e profissionais de três médicos que defenderam vacinas para crianças
na tal audiência pública? Replicou Bolsonaro, que queria a lista dos técnicos
da Anvisa que autorizaram a vacinação infantil. Certamente, para “ripar” a
reputação deles, já que não pode demiti-los, como no Iphan, Inep, Inmetro,
PF...
E é gravíssimo, além de indigno, o presidente acusar a Anvisa de ter “interesses por trás” ao tomar decisões em prol do Brasil, das crianças, das vacinas, do Butantã e da Fiocruz, que produz uma vacina 100% nacional. Ele não entende nada, nem a tara por vacinas que salvam de poliomielite, sarampo, tétano, coqueluche... e covid-19. Parabéns, Fiocruz! Solidariedade, Anvisa e doutores tarados pela vida!
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