Folha de S. Paulo
Não há dúvida de que o fascismo/populismo
depende do pecado do ódio
O fascismo é uma condição humana; logo, não
chega a surpreender que a Itália tenha votado a
favor dele. É mais surpreendente que a Suécia o tenha feito, com 20%
dos votos em seu pleito mais recente.
Mas vosso país e o meu têm aproximadamente
a mesma porcentagem de fascistas naturais. Nos EUA, temos assistido a ondas
repetidas de ódio contra pretos, imigrantes, comunistas, gays. O vento que
agita as ondas vem de políticos que estão apavorando os 20%. Giorgia Meloni
diz, como dizem os racistas americanos, que os italianos natos estão sendo
"substituídos" por africanos, sírios e ciganos. Querendo provocar
terror.
As pessoas têm receio de chamar alguém de "fascista". Em vez disso, chamamos a pessoa de "populista". As pessoas aparentemente pensam que só é justo utilizar o termo "fascista" se políticas fascistas chegam a ser implementadas de fato. Os generais no Brasil. O lema de Mussolini aplicado: "Tudo dentro do Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado". Hitler fez isso nos meses seguintes aos conservadores terem-no elevado insensatamente ao cargo de chanceler da Alemanha.
Mas então já era tarde demais. Ter
melindres não barra o fascismo antes de ele acontecer. Por outro lado, há um
receio semelhante em caracterizar alguém como "comunista".
O colunista Paul Krugman se aborrece quando
alguém o identifica como socialista. No entanto, não há sombra de dúvida de que
seu entusiasmo por aquilo que os economistas chamam de "políticas
públicas" recomenda, de fato, uma socialização sempre crescente da economia.
O comunismo/socialismo depende de suscitar inveja. Vamos lá, Paul, reconheça
que você está ventando em cima de um pecado humano para criar ondas.
E não há a menor sombra de dúvida de que o
fascismo/populismo depende do pecado do ódio.
Na Alemanha, em 1933, os judeus eram apenas 1% da população e estavam
profundamente integrados à vida dos gentios. Mas Hitler e seus amigos
aterrorizaram os alemães, dizendo a eles que uma conspiração secreta desse
grupinho era um câncer. O grupo odiado não precisa necessariamente ser pequeno.
No Irã, as mulheres são 51% da população. E alguns homens morrem de medo de
elas atearem fogo a seus véus.
O terror provocado por políticos conduz ao
ódio irracional.
O problema é eleger de modo infantil,
impensado: "Vamos nessa, vamos experimentar tal pessoa", como se o
que se estivesse experimentando fosse um novo sabor de sorvete. Brasileiros, eu
vos imploro, mostrem no domingo que vocês são éticos e adultos. Nada de ódio,
nada de inveja. Nada de terror. Nada de fascismo. (Tradução de
Clara Allain)
*Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago
3 comentários:
Fique tranquila, professora. O ódio será barrado.
"Brasileiros, eu vos imploro, mostrem no domingo que vocês são éticos e adultos. Nada de ódio, nada de inveja. Nada de terror. Nada de fascismo."
Ou seja, nada de bolsonarismo, claro!
Sim, o ódio será barrado, concordo, mas a barragem requer tempo. No interim gente morre, sofre, passa fome, o ódio cresce, se multiplica...e depois morre.
Enquanto isso, fiquemos tranquilos. Como dizia Mussum, tranquilis.
Boa receita, né?
NÃO É BOA, NAO!
HA Q ATUARMOS PRA EVITAR, NO NASCEDOURO, ESTE CICLO DE VIOLÊNCIA!
VAMOS À LUTA, CACETE!
Daquela lado há nazistas, fascistas. Vcs não conhecem a história?
ESSA GENTE É RUIM, PORRA!
E a professora nos alerta. Não ignoremos.
Fora bolsonaro é sua quadrilha!
LULA NO 1o TURNO!
Adorei a mensagem,a paz e o amor em primeiro lugar.
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