Folha de S Paulo
Ministério da Defesa deve aos eleitores
conclusão sobre o sistema eleitoral
Desde que adotou como ministro o general e
hoje político Braga Netto,
em 2021, o Ministério da Defesa se coloca, ora como retaguarda, ora como parte
ativa na desestabilização geral provocada por Bolsonaro. É o oposto da função
que lhe cabe e da atribuída às Forças que deve coordenar. A impressão que
oferece é a de um ministério de ação política, não política do Estado e nem
mesmo de governo, mas de uma facção prisioneira de pré-ideias caóticas e
propósitos retrógrados.
Vem dessa contingência a recusa silenciosa
do Ministério da Defesa a tornar pública sua conclusão
sobre a lisura ou deformação eleitoral. Dois motivos básicos, entre outros,
tornam a providência um dever e mesmo um requisito de moralidade.
Um, é o fato sem precedente de que a Defesa assumiu a frente do ataque ao sistema de votação e apuração eleitoral. A Justiça Eleitoral ficou sob suspeitas oficiais e institucionais. O outro motivo é a dívida com a dignidade do país diante do mundo e com o direito de 156 milhões de eleitores. A Defesa deve-lhes conclusão e clareza sobre o sistema eleitoral acusado e investigado: questionada de fato pelas suspeitas foi a legitimidade dos poderes institucionais eleitos.
Bolsonaro quer os dados da investigação
escavados até o encontro de algum incidente que imagina bastante, em caso de
sua derrota, para jogar
o país no tumulto violento. Não se vislumbra outro motivo para não querer a
divulgação do relatório. Quer ainda mais ação de partidarismo político, senão
conspiratória, da Defesa. Defesa de quê, ou de quem, não é assunto que não se
perde em suspeições e não precisa de sigilo.
Contra o crime
As ordens do Tribunal Superior Eleitoral e
do Supremo para supressões na internet, em especial as do ministro Alexandre
de Moraes, recebem acusações de autoritarismo, falta de base jurídica,
censura. Argumentos comuns são a ausência de defesa prévia e de parecer da
Procuradoria-Geral da República.
A formalidade das supressões tem sido
correta. Não é apropriado comparar os casos inverídicos ou insultuosos da
imprensa escrita com sua prática na internet. Nos jornais, revistas, TV e
rádio, o direito de resposta sempre foi mais do que duvidoso. Em parte, porque
nesse problema tudo está mal definido em referência ao jornalismo. Além disso,
as peculiaridades da internet invalidam as comparações e as queixas correntes.
A audácia temática e vocabular da canalhice
informática não esteve jamais, nem de longe, nos impressos de informação, em TV
e rádio. Também a velocidade da operação e de divulgação da internet, se
equivale à de TV e rádio, tem uma diferença essencial: o dito e mostrado nos
dois dura só o tempo de sua emissão, enquanto na internet pode permanecer sem
prazo. Diferença decisiva nos casos passíveis de supressão.
A inverdade e o insulto têm evitável
continuidade de divulgação se dependerem dos velhos trâmites para o direito de
resposta; como inverdade e insulto são práticas ilegais, cabe ao Poder
Judiciário, e a eventuais ações de polícia, suprimi-los com os males que são
seus objetivos. Ainda é muito pouco o que juízes têm podido fazer contra o uso
da internet pela criminalidade política.
Os do crime
A agressão à Igreja Católica pelos desordeiros
atraídos por Bolsonaro ao Santuário da Aparecida foi mais do que um
fato bárbaro. Invasão baderneira de áreas de religião, vaias a um arcebispo e a
um sacerdote, desaforos à menção de problemas sociais, regados a cervejas
ostentadas —foi uma amostra aos católicos do que podem esperar, a depender da
decisão eleitoral.
Apesar de tudo, o bolsonarismo frustrou-se.
Não sabe que a imprensa tem gestos nobres, mesmo com quem quer destruí-la, e
poupou Bolsonaro do desgaste maior, com a sonegação evidentemente combinada, no
noticiário sobre a festa no Santuário, da parte protagonizada pelo
bolsonarismo, suas vítimas e pelo próprio Bolsonaro.
5 comentários:
"Um, é o fato sem precedente de que a Defesa assumiu a frente do ataque ao sistema de votação e apuração eleitoral"
Sim, verdade. Avisamos q as FA passariam vergonha.
De nada adiantou.
"outro motivo é a dívida com a dignidade do país diante do mundo e com o direito de 156 milhões de eleitores"
Ora, conclui-se q as FA não ligam pra isso. Dignidade, ora bolas!
"A audácia temática e vocabular da canalhice informática não esteve jamais, nem de longe, nos impressos de informação, em TV e rádio"
Esteve, sim, articulista. Posso citar vários mas fico com dois: 1-2 a manipulação do debate Lula X Collor por parte da Globo.
2-2 A não apresentação no JN do "clima sexual q pintou entre bozo e crianças de 12-13 anos".
O vândalos em Aparecida citados pelo articulista tb não tiveram apresentação a altura de sua gravidade.
"poupou Bolsonaro do desgaste maior, com a sonegação evidentemente combinada, no noticiário sobre a festa no Santuário, da parte protagonizada pelo bolsonarismo, suas vítimas e pelo próprio Bolsonaro"
É seu texto, Jânio, seu texto.
Q contraria seu texto favorável à imprensa.
Postar um comentário