O Globo
Bolsonaro não tem proposta fiscal e quebrou
o teto. Muito pior, quer tirar a independência do STF, cláusula pétrea da
Constituição
O presidente Bolsonaro avisou que recebeu
uma proposta de mudar a composição do Supremo Tribunal Federal e que vai tratar
disso depois das eleições. Então o que ele está pedindo aos eleitores
brasileiros é que votem nele apesar de ele estar avaliando um projeto que vai
ferir de morte a independência dos poderes da República, e informa que tratará
disso depois de eleito. Na entrevista à “Veja”, ele mostrou claramente que seus
propósitos para o segundo mandato são exatamente os que se temia.
Mas e a economia? Sobre esse tema sabe-se extraoficialmente que a equipe de Bolsonaro prepara umas mudanças nas regras fiscais. Os jornalistas ficam sabendo disso em conversas nas quais não podem revelar a fonte ou ouvindo palestras de integrantes da equipe. Uma delas foi a do chefe da Assessoria Especial de Assuntos Econômicos, Rogério Baueri, em debate na UnB. Ele falou em aumento real de despesas com um teto atrelado ao PIB. Seja lá o que for isso, o que fica claro é que na economia o governo não diz, ou não sabe, o que vai fazer se conquistar um segundo mandato.
Do lado de Lula, as propostas também estão
vagas sobre como enfrentar a crise fiscal e orçamentária criada por Bolsonaro.
Esse assunto tem sido muito discutido na campanha, e várias propostas têm
estado na mesa desde o começo. Pode vir a ser a volta da meta de superávit
primário, uma meta de gastos de custeios e de investimentos separados, ou um
compromisso de redução da dívida líquida.
— Se Lula vencer, seja qual for o
instrumento de política fiscal escolhido, será preciso primeiro atravessar
2023. O Orçamento que o governo enviou para o Congresso não fica de pé. Vai ser
inevitável flexibilizar a regra de controle de gastos no ano que vem por causa
do que está sendo deixado. Mas o importante será ter uma regra que dê
previsibilidade, transparência e que haja prestação de contas com idas
frequentes do ministro ao Congresso Nacional —explicou um economista petista.
A economia precisa ter previsibilidade não
porque esta seja uma exigência doutrinária de alguma corrente econômica. É
porque será preciso fazer no curto prazo um aumento de despesas e do
endividamento. E isso ocorre enquanto o mundo está vivendo uma crise sem
precedentes e que é até difícil dimensionar, na opinião do economista José
Roberto Mendonça de Barros:
—A última vez que a economia global parou
por causa de um vírus foi na gripe espanhola, a última vez que a Europa teve
uma guerra quente foi em 1919 e 1945. A última vez que o mundo desenvolvido
teve inflação de dois dígitos foi no fim dos anos 1970. E estamos tendo tudo ao
mesmo tempo. Os bancos centrais farão uma elevação de juros que em algum
momento pode levar à recessão do mundo desenvolvido. É uma coisa totalmente sem
precedentes.
É a isso que Arminio Fraga se referia
quando disse na entrevista para mim que espera que o eleito, se for Lula no
qual ele votará, conduza bem a economia. Economistas que conquistaram a vitória
na luta contra a hiperinflação brasileira — Pedro Malan, Edmar Bacha, Persio
Arida e Arminio Fraga — fizeram uma declaração pública de voto em Lula, apesar
das enormes divergências em proposta de política macroeconômica entre
economistas dos dois lados. André Lara Resende já havia feito antes. Eles não
fizeram cobrança alguma na economia. Destacaram apenas que o gesto era em
defesa da democracia.
— A nota registra a nossa esperança de que
na área econômica as coisas sejam bem conduzidas inclusive porque o momento
hoje é bem complicado, não só no Brasil, mas no contexto internacional. Taxas
de juros subindo, guerra fria com a China, guerra da Rússia, não é um momento
em que se possa brincar — me disse Armínio Fraga.
A política fiscal responsável garante a
estabilidade da economia, que permite políticas sociais consistentes e
governabilidade. Contudo, os economistas do Real fizeram um gesto que foi antes
de tudo político. Sabem que o que está em jogo é o futuro da democracia.
Bolsonaro deu razão a eles, e a todos que se preocupam com a questão democrática, quando, em entrevista à “Veja”, avisou que depois das eleições vai estudar o projeto que chegou às suas mãos — não disse quem foi o remetente — para mudar a composição do Supremo. Ele pede votos, sem explicar esse gravíssimo ponto. O presidente está ameaçando cláusula pétrea da Constituição.
3 comentários:
broxonaro é um desastre. NO podia ser pior.
Pode sim, ser pior, dando-lhe mais 4 anos.
Solução: LULA 13
Bolsonaro é uma ameaça permanente à democracia. Os milicianos bolsonaristas são fonte perene de violência e agressões! Os papagaios bolsonaristas propagam diariamente as mentiras criadas no Gabinete do Ódio. Dar mais 4 anos ao genocida é suicídio da nossa Nação! Quem ama e respeita de verdade NOSSA DEMOCRACIA não vai fazer isto...
''A Guerra quente'' na Europa foi de 1939 a 1945,saiu 1919 a 1945.
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