quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Alvaro Gribel - Ao fim e ao cabo, ganhou a economia

O Globo

Redução da PEC da transição para um ano animou o mercado e aproximou o projeto da ideia de 'waiver' que vinha sendo discutida durante a campanha

STF acabou com o orçamento secreto, a Câmara reduziu o prazo da PEC da transição, e o governo eleito soube negociar e ceder para chegar a um acordo. Ao fim e ao cabo, ganhou a economia, e isso se refletiu nos principais indicadores financeiros ontem. A PEC virou um waiver de um ano, como se discutia antes das eleições. Os juros recuaram, o dólar despencou e o Ibovespa subiu, em dia de alívio para os investidores. Lula e Haddad garantiram recursos para combater a fome e recompor orçamentos que foram destruídos pela gestão Bolsonaro. Mas, ao mesmo tempo, terão que se apressar para apresentar uma regra fiscal que dê alguma previsibilidade para as contas públicas a partir de 2024. Isso reduzirá incertezas.

Desde que foi anunciado ministro da Fazenda, Fernando Haddad vem diminuindo pouco a pouco a rejeição ao seu nome. Na semana passada, sua entrevista à GloboNews foi bem recebida pelo mercado, mas acabou sendo ofuscada pela reação negativa à flexibilização da Lei das Estatais, na Câmara. Ontem, a atuação de Haddad foi considerada decisiva, na conversa com Arthur Lira, para que o prazo de duração da PEC fosse diminuído, e o projeto, encaminhado para aprovação com 331 votos.

Até aqui, a visão dos investidores sobre o Brasil está claramente dividida. Enquanto o estrangeiro aportou R$ 5,15 bi na bolsa brasileira em dezembro, o investidor institucional brasileiro retirou R$ 10,2 bilhões. Se lá fora a preocupação era com o risco institucional, o que não se confirmou, aqui no Brasil o receio está na política fiscal do próximo governo. Alberto Ramos, diretor de Pesquisa Econômica para América Latina do Goldman Sachs, explica que o investidor externo uma hora será influenciado pelo local. Por isso, é importante para o futuro governo reverter essas expectativas internamente.

— O gringo vai se informar. Se o investidor local continuar nessa toada de preocupação, o investidor externo vai conversar com analistas e se perguntar por quê. Ele não se abstrai — explicou.

Ramos não vê riscos de uma grave crise fiscal no país, mas está preocupado com a agenda microeconômica que vem sendo defendida pelo PT. Isso pode afetar a economia como um todo.

— Meu receio maior é com a condução das empresas públicas, dos bancos públicos, de mudanças nos marcos regulatórios, nas concessões. Essa agenda micro pode gerar estrago e minar a macroeconomia — advertiu.

Com o fim do orçamento secreto e o encaminhamento da PEC da transição, o cenário para 2023 começa a desanuviar na economia. Mas Lula e Haddad ainda têm vários pontos de incerteza para superar a desconfiança e começar bem o mandato.

Os caminhos à frente de Lula

O Bank of America enxerga três cenários para o Brasil, como mostra a tabela ao lado. No cenário neutro, mais provável, a economia cresceria apenas 0,9% em 2023. O governo Lula faria alguma reforma econômica —como a tributária — e evitaria políticas que deram errado no governo Dilma. No cenário pessimista, haveria contrarreformas, como na Previdência, no mercado de trabalho e na independência do Banco Central. Desse jeito, o PIB cairia 2,5%. Já num olhar otimista, Lula faria as reformas tributária, administrativa e proporia uma âncora fiscal com credibilidade. O PIB cresceria 3% no ano que vem, com queda forte da inflação e dos juros. Não deveria ser difícil escolher.

Herança de Bolsonaro

Para a consultoria LCA , a economia brasileira pode estar entrando em recessão. A análise de indicadores antecedentes, como fluxo de veículos, consumo de energia e expedição de embalagens, indica queda do PIB no quarto trimestre, e novo tombo no primeiro. A Selic mais alta também chegará com mais intensidade ao consumidor final. Essa é mais uma herança de Bolsonaro, que antecipou estímulos para se reeleger.Lula terá que evitar a tentação de usar a queda como desculpa para mais gastos.

 

3 comentários:

Anônimo disse...

"Lula e Haddad garantiram recursos para combater a fome e recompor orçamentos que foram destruídos pela gestão Bolsonaro."

O genocida seeeeeeempre destruindo. Indivíduo incompetente esse bozo. LULA, q já é o presidente do Brasil, tá tendo enorme trabalho pra consertar tudo o palerma destruiu.

Anônimo disse...

Ao fim e ao cabo, os 2 soldados e 1 cabo não foram suficientes pra fechar o STF! Nem o capitão (das rachadinhas) conseguiu...

ADEMAR AMANCIO disse...

Vai ser difícil reerguer o País.