O Globo
O PT poderia ter se empenhado de verdade
para o afastamento de Bolsonaro, mas lhe era mais conveniente deixá-lo sangrar
Golpista — adjetivo e substantivo de dois
gêneros — é uma palavra polissêmica. Serve tanto para designar quem, valendo-se
de práticas ardilosas, obtém proveitos indevidos (via WhatsApp, Tinder,
comissão de formatura ou inconsistências contábeis) quanto aquele que, munido
de armas ou discursos, tenta derrubar um governo constitucional e democraticamente
eleito. Qualquer que seja o golpe — de Estado, da pirâmide, da barriga, do baú
—, ele sempre consistirá em um(a) espertalhão(ã) querendo passar a perna em
alguém.
Ainda há cerca de mil golpistas presos, em Brasília, pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Um golpe felizmente não consumado — mais pela forma atabalhoada como foi desferido do que propriamente pela resistência por parte dos que deveriam defender as instituições e o patrimônio público.
Pois o presidente Lula houve
por bem deixar em segundo plano este golpe recente, concreto e de
desdobramentos ainda imprevisíveis, e vociferar contra um suposto “golpe”
levado a cabo seis anos atrás.
Lula sabe que não houve golpe algum em
2016, e sim um processo político e jurídico, conduzido pelo Congresso, seguindo
todos os ritos legais. Em julgamento presidido pelo ministro Ricardo Lewandowski
(da instância máxima do Poder Judiciário), culminou na condenação de Dilma
Rousseff, por crime de responsabilidade.
Tudo bem que, estando em curso a retomada
de tudo o que já não deu certo na gestão dilmista, Lula queira também
reabilitar a presidenta impichada. Mas não precisava escantear a verdade nem
chutar a canela de aliados.
Na hipótese de estar certo em sua
narrativa, Lula estará cercado de golpistas — e não só os da Papuda, da Colmeia
e das Forças Armadas. Seu vice, Geraldo Alckmin, apoiou o impeachment. Sua
ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também. Assim como os titulares da
Pesca, André de Paula, e das Comunicações, Juscelino Filho. Sem falar naquela
cujo apoio foi decisivo para sua vitória, a ministra do Planejamento, Simone
Tebet — que golpeou o mandato de Dilma afirmando:
— Por todo o mal que causou e está causando
à população brasileira, eu voto a favor do impeachment da senhora presidente da
República; mas, mais do que tudo, voto na esperança, na esperança de melhores
dias.
Os melhores dias duraram pouco. O
suficiente para que Michel Temer,
responsável pela trégua entre duas calamidades, se sinta injustiçado e lembre
que Lula “parece insistir em manter os pés no palanque e os olhos no
retrovisor, agora tentando reescrever a História”.
O PT poderia ter se empenhado de verdade
para o afastamento de Bolsonaro, mas lhe era mais conveniente deixar o
ex-presidente sangrar (e o país se exaurir junto) do que enfrentar o general
Mourão nas urnas. E ficaria difícil sustentar a tese de que o impedimento de
adversários era legal, mas virava golpe quando a vítima fosse um dos seus.
Lula espalha fake news e insulta
(insinuação de participação em golpe é insulto, não?) um ministro do STF.
Vimos esse filme de 2018 a 2022, com elenco
pior e montagem mais tosca. Mas o mesmo roteiro: um presidente que, em vez de
conciliar, aposta na separação. Visando apenas a ganhos políticos imediatos.
Tirando os golpes do destino, de judô ou de
misericórdia, em todos os outros (reais e imaginários), há sempre um espertinho
querendo levar vantagem.
11 comentários:
"Vimos esse filme de 2018 a 2022, com elenco pior e montagem mais tosca"
Vimos este filme na condenação anulada do Lula.
580 dias preso injustamente. Neste caso, quem insultou quem?
Lula reclamou naquela época, como reclamou na época devida q era golpe contra Dilma.
Aprendam a ouvir. Assim como Lula foi injustiçado pelas instituições, Dilma também foi.
Affonso, lembre q Lula tb foi preso na ditadura e reclamou naquela época - provavelmente seus pais o queriam preso, assim como hoje vc tb quer. Lula tem um longo passado de injustiças pelas instituições.
Ideologia. Ideologia.
Eduardo Affonso tentando dar seu golpe de reconstrução da história com sua coluninha a soldo
Bozo sempre perseguido; Lula sempre injustiçado!
Depois da prisão, bozo poderá dizer q foi perseguido.
Por enquanto o velhaco, o sacripanta, tá "di boa" nos "isteriô", talquei?
Outros "espertinhos" foram o ex-juiz Sergio Moro (ex-ministro da Justiça do GENOCIDA, ex-candidato a presidente e futuro senador) e o ex-procurador Deltan Dallagnol (futuro deputado federal), corruptos e golpistas que se deram muito bem com suas politicagens ilegais que tentaram golpear Lula e foram inicialmente bem sucedidas, até serem desmascaradas pela mídia que primeiramente os apoiava quase integralmente.
Bozo já se diz PERSEGUIDO pelo Xandão e pelo STF e pelo TSE e pela Globo e ...
Fato: Lula é grato a Dilma que nunca o desamparou nos momentos difíceis . O Wagner da Bahia ao contrário, virou as costas para seus problemas, eis a razão.
Moro deveria ter ficado nus States, faltou discernimento para entender sua situação.
Dilma comparada a Bozo foi realmente um erro grande, por muito menos ela fou penalizadas.!Depois do Bozo qualquer um, moralmente, não podem sofrer impeachment.
Exigir santidade do Lula é perder tempo,o presidente tem todas as fraquezas de um ser humano.
O Ademar tem razão, mas não podemos admitir a malignidade representada em tantos setores por Bolsonaro.
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