O Globo
Alexandre de Moraes decidiu que fardados
terão que responder à Justiça comum
O ministro Alexandre de Moraes
decidiu que os militares envolvidos no 8 de Janeiro responderão por seus atos
na Justiça comum. A Polícia Federal identificou dezenas de fardados entre os
criminosos que depredaram ou deixaram depredar as sedes dos Três Poderes.
Depois de atentar contra a democracia, eles reivindicavam o privilégio de serem
julgados por seus pares.
Questionado pela PF, o ministro do
Supremo esclareceu que a Justiça Militar julga “crimes militares”, e não
“crimes de militares”. Como as acusações não dizem respeito a assuntos internos
da caserna, oficiais e praças terão que se acomodar no banco dos réus ao lado
de paisanos. Parece óbvio, mas a distinção já foi mais clara na legislação
brasileira.
Em 2017, o então presidente Michel Temer sancionou uma lei que ampliou o alcance da Justiça castrense. O texto ressuscitou uma blindagem criada na ditadura para proteger militares acusados de atentar contra a vida de civis. A mudança foi festejada pelas Forças Armadas, que haviam pressionado o Congresso a aprová-la.
A impunidade tem sido regra em
processos contra militares envolvidos em violações de direitos humanos. Os
casos se avolumaram com o aumento das operações de GLO (garantia da lei e da
ordem), em que soldados assumem funções de polícia sem treinamento para atuar
fora dos quartéis.
Desde 2013, a Procuradoria-Geral da
República pede que o Supremo restrinja o alcance da Justiça Militar em crimes
contra a vida de civis. O tribunal cozinha o caso há quase uma década. Voltou a
suspender o julgamento há duas semanas, após pedido de vista do ministro
Ricardo Lewandowski.
Os militares nunca fizeram questão
de disfarçar os motivos do lobby pelo foro especial. Em 2017, o general Eduardo
Villas Bôas deixou claro que a ideia era blindar os soldados do alcance da
Justiça. “Como comandante, tenho o dever de protegê-los. A legislação precisa
ser revista”, disse, em tom imperativo, enquanto o Congresso ainda debatia a
mudança na lei.
No 8 de Janeiro, seu sucessor no Forte Apache radicalizaria a defesa do
corporativismo. Horas depois dos ataques, o general Júlio Cesar de Arruda
ordenou que tanques bloqueassem as entradas do acampamento bolsonarista. O
objetivo era impedir a polícia de prender criminosos em flagrante.
Um comentário:
Cruzes!
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