Folha de S. Paulo
É estratégico gerar crescimento com
desenvolvimento socioambiental
Nesta segunda-feira (1º), Dia
do Trabalhador, celebramos lutas históricas e apresentamos as prioridades
para o ano de 2023. Desde o século 19, a trajetória mundial da mobilização
sindical incide sobre o mundo do trabalho, gerando empregos, aumento de
salários e direitos
e proteções sociais, trabalhistas e previdenciárias, além de atuar para
fortalecer as democracias.
No Brasil, o 1º de Maio deste ano tem uma
mística diferente da que vivemos nos últimos anos. A vitória sobre o fascismo
abriu a possibilidade de colocar o país em uma trajetória virtuosa de
crescimento econômico, sustentada pelos investimentos púbico e privado, pela
inovação e incremento da produtividade, pelo aumento da renda e do poder de
consumo das famílias e com geração de empregos de qualidade.
É urgente e estratégico gerar crescimento econômico com desenvolvimento socioambiental. Para isso, será preciso articular uma política econômica com esse objetivo, algo oposto às extorsivas taxas de juros praticadas pelo Banco Central, que paralisam a atividade produtiva e inviabilizam as empresas. O Brasil precisa acelerar seu crescimento e, para tanto, é urgente baixar a altíssima taxa Selic, promover uma política de industrialização verde e digital e expandir as políticas sociais —tudo orientado por metas de emprego, redução das desigualdades e superação da pobreza.
Temos três outras prioridades. A primeira é
retomar a política
de valorização do salário mínimo, com a mesma regra exitosa da política
anterior, que promoveu um aumento real de mais de 78% desde 2004 e beneficiou
cerca de 54 milhões de trabalhadores e aposentados. Propomos o reajuste anual
pelo INPC mais o aumento real correspondente à variação anual do PIB. As
centrais sindicais querem recuperar o aumento real não promovido pelo governo
anterior e a meta de um piso mínimo de aumento real anual de 2,4%.
A segunda prioridade é promover mudanças no
sistema de relações de trabalho para fortalecer e valorizar a negociação
coletiva e realizar uma atualização do sistema sindical, além de revisar
a reforma
trabalhista para combater o trabalho
análogo à escravidão, a terceirização e
outras formas de precarização
do trabalho. Nosso objetivo é criar uma dinâmica bem estruturada de
negociação coletiva que seja capaz de tratar das profundas mudanças no mundo do
trabalho, com sindicatos democráticos e de grande representação. Propomos um
sistema autônomo para regular a organização sindical de trabalhadores e
empresas, o sistema negocial e o seu custeio.
Nossa terceira prioridade é tratar do mundo
dos aplicativos e plataformas que ocupam espaços em múltiplas
atividades econômicas. Queremos regular as atividades econômicas e as relações
de trabalho, priorizando de partida a regulação das atividades de transporte de
pessoas e mercadorias feitas por carros, motos e bicicletas. Esses
trabalhadores devem ter direitos e proteções.
Já estamos tratando da agenda da igualdade
entre mulheres e homens no mundo do trabalho, do combate à fome e à
pobreza, retomando a participação social em conselhos e grupos de trabalho,
atuando para o fortalecimento da agricultura familiar e a valorização dos
assalariados rurais, entre tantos outros aspectos da pauta da classe
trabalhadora.
Seguiremos juntos, unidos e reunindo força
para fazer as mudanças urgentes que o Brasil precisa e que a classe
trabalhadora almeja.
Sérgio Nobre
Presidente da CUT
Miguel Torres
Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah
Presidente da UGT
Adilson Araújo
Presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
Moacyr Tesch
Presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores
Antônio Neto
Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros
Nilza Pereira de Almeida
Secretária-geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora
José Gozze
Presidente da Pública Central do Servidor
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