Folha de S. Paulo
Desenho em negociação poderia manter quase
tudo como estava antes de decisão do STF
O Congresso ainda tenta encontrar uma maneira
de manter o controle sobre as emendas parlamentares. Nesta semana, Arthur Lira e Rodrigo
Pacheco tiveram uma reunião reservada para discutir a criação
de regras que, na prática, podem preservar a liberdade dos congressistas e
driblar determinações feitas pelo STF.
O desenho feito pelos parlamentares já foi enviado ao governo. Quem viu o plano diz que a ideia é vincular as emendas de bancada e de comissão a uma lista de programas preestabelecidos. Esse dispositivo, em teoria, enquadraria a verba dentro de projetos estruturantes ou de caráter regional, como prevê o acordo costurado pelo Supremo.
Se a proposta tiver as linhas genéricas
desejadas pelos parlamentares, quase tudo tende a ficar como
estava antes da decisão do STF. O dinheiro ficaria alocado em
programas amplos, mas poderia ser direcionado a obras e redutos específicos.
Sob os panos, a verba continuaria a ser partilhada entre deputados e senadores,
sem critérios claros.
À sua maneira, o Congresso parece viver as etapas de
um luto. Primeiro, veio a negação. Quando o STF mandou extinguir as
emendas de relator, no fim de 2022, os parlamentares fingiram que nada tinha
acontecido. Transferiram os bilhões para outras rubricas e prolongaram a
divisão do dinheiro de acordo com os interesses de seus cardeais.
A fase seguinte foi a raiva. A decisão de
Flávio Dino de congelar
praticamente todos os pagamentos de emendas levou o Congresso a
tirar da gaveta um pacote de retaliação. As ameaças incluíram uma proposta que
limita decisões individuais de ministros do STF e outra que dá aos
parlamentares o poder de reverter as decisões do tribunal.
O momento atual é o da barganha. Os
congressistas abrem uma negociação para evitar que tudo esteja perdido. Esse
quadro sugere que os parlamentares não estão muito dispostos a enfrentar as
fases seguintes: a depressão e, finalmente, a aceitação. Muitos parecem
acreditar que é possível ressuscitar os mortos.
Um comentário:
Cruuzess!
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