Por outro lado, as eleições presidenciais no
Brasil são dominadas pela relação direta do candidato com o eleitorado, sem
mediação institucional, vale dizer, dos partidos e das lideranças regionais e
locais, sobretudo na era da TV e das redes sociais. O carisma individual e a
capacidade de comunicação e mobilização valem muito mais que estruturas
partidárias, embora algum tempo de TV, capilaridade orgânica e um mínimo
competitivo de financiamento de campanha sejam importantes. Vargas, JK, Jango,
Collor, FHC, Lula, Bolsonaro foram ou são muito maiores que suas estruturas
partidárias.
Portanto, as análises “tour de force” que partem
dos números das eleições de 2026 para projetar o fortalecimento ou a decadência
de Lula ou Bolsonaro ou do espaço para uma futura 3ª. Via, não passam de
futurologia de baixa qualidade, sem base empírica ancorada na experiência
histórica. As eleições de 2026 dependerão muito mais da situação econômica da
época, do grau de satisfação da população, da elegibilidade ou não de
Bolsonaro, do estado de saúde de Lula, e da ousadia do centro político de
aparecer com cara própria ou se acomodar em posição subalterna aos dois polos mais
bem situados, de início, no tabuleiro eleitoral.
O quadro partidário brasileiro atual tem sua
órbita em torno de três campos ideológicos e um pragmático. O PL e o Novo
formam um polo que procura agregar elementos do pensamento conservador e
liberal, embora haja contradições entre uma coisa e outra. O PT lidera um bloco
de esquerda que reivindica as tradições de um socialismo às vezes anacrônico
formado por PSOL, PSB, Rede, PcdoB e PV. Sobrevive ainda um polo que já teve
peso político e vive hoje dificuldades conjunturais e indefinição de rumos, que
espelha o movimento socialdemocrata e trabalhista, unindo PSDB, Cidadania,
Solidariedade, e, com outra dinâmica, o PDT. Mas os “grandes vitoriosos” foram
os partidos pragmáticos, que fazem um movimento pendular entre esquerda, direita
e centro, tendo dado relativo apoio parlamentar e participado do Ministério dos
governos FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. É difícil saber como se
comportarão, em 2026, cinco dos seis partidos que fizeram entre 440 e 891
prefeitos (PSD, MDB, PP, União Brasil e Republicanos).
Quem disser que sabe, pode estar delirando, mentindo ou mal-informado. A única coisa que antevejo com alguma certeza é que eles terão grandes bancadas no Congresso e farão parte do ministério de qualquer futuro governo, seja de direita, de esquerda ou de centro. Quem viver, verá!
Um comentário:
Muito bom!
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