domingo, 14 de setembro de 2008

Lula ajuda Kassab


Clóvis Rossi
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

SÃO PAULO - A afirmação que dá título à coluna é puro palpite, mas me animo a fazê-la. E a explicar:

1 - O Brasil vai bem. Muito menos do que eu gostaria, mas minha opinião conta pouco ou nada.

2 - Cria-se, pois, o que os ingleses chamam de "feel good factor", o fator sentir-se bem.

3 - Não parece razoável acreditar que o eleitor separe totalmente o "sentir-se bem" em "sentir-se bem federal, estadual e municipal". Sente-se bem e ponto.

4 - Logo, devolve essa sensação positiva afirmando a intenção de votar nos governantes que considera responsáveis por sentir-se bem ou nos candidatos apoiados por esses governantes.

Nesta eleição, prefeitos em geral beneficiam-se desse fator, salvo que sejam um desastre. Ajuda, óbvio, o fato de que o prefeito Gilberto Kassab é o queridinho de outro governante, José Serra, embora não seja o candidato oficial do governador.

5 - Claro que também ajuda o fato de que o paulistano declare sentir-se bem com a cidade, como prova a avaliação de Kassab. Para o meu gosto, São Paulo continua tão inóspita quanto nos últimos muitos anos, mas, de novo, meu gosto conta pouco ou nada. Dá, então, para fechar o teorema afirmando que Kassab vai para o segundo turno e, nele, ganha de Marta Suplicy? Não.

O sentir-se bem espalha suas benesses também sobre Marta, que todo mundo sabe que é "o lado" de Lula, como o presidente já declarou. Aliás, é esse fator que explica porque, nesta eleição, há um empate entre Marta e a soma de intenções de voto no tucano e no demo, ao contrário dos dois pleitos anteriores, em que Serra surrou Marta e Geraldo Alckmin folgou contra Lula (na capital).

No turno final, o desempate dependerá, ao menos em parte, de o sentir-se bem ser mais federal ou mais estadual/municipal.

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