sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Denúncias em série que chegaram a derrubar uma ministra

DEU EM O GLOBO

O pagamento de diárias para os ministros de Estado nas viagens nacionais foi instituído em julho deste ano, seguindo recomendação da CPI Mista do Cartão Corporativo, que investigou, no início de 2008, denúncias de desvios no uso desse mecanismo por servidores do governo federal, incluindo autoridades do primeiro escalão.

Com a volta das diárias nacionais — que existiam até o início dos anos 90, mas foram extintas —, os ministros não podem mais usar os cartões para pagar despesas de alimentação, hotel e locomoção nas viagens pelo país.

Até então, esses gastos nas viagens nacionais eram bancados pelos suprimentos de fundos — dinheiro reservado para gastos não previstos — ou por cartão corporativo.

A CPI instalada no Congresso foi motivada por denúncias de que os gastos com o cartão corporativo em 2007 dobraram em relação ao ano anterior. O escândalo do cartão corporativo derrubou a então ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Matilde Ribeiro, em fevereiro de 2008. Matilde gastou, em 2007, R$ 171 mil no cartão corporativo, sendo R$ 110 mil com o aluguel de carros e mais de R$ 5 mil em restaurantes.

O então deputado federal Edson Santos (PT-RJ), o que mais recebeu diárias este ano, substituiu Matilde.

Ao pedir demissão do cargo diante das pressões, Matilde Ribeiro disse ter cometido um erro administrativo no uso do cartão, mas alegou que foi orientada a proceder assim.

Mas o que mais pesou contra a então ministra foram as compras realizadas por ela em um free shop, num total de R$ 461,16, e pagas com o cartão do governo. Naquela época, ela disse ter usado o cartão corporativo por engano e devolveu o dinheiro para os cofres públicos.

O ministro da Pesca, Altemir Gregolin, também teve despesas com cartão corporativo investigadas pela CPI. Gregolin usou o cartão para pagar almoços em churrascarias para comitivas internacionais. Um jantar custou de R$ 500 e foi oferecido a uma comitiva de representantes do governo chinês em visita ao país. Ele também gastou R$ 70 em uma choperia. O ministro devolveu o dinheiro.

O caso do ministro do Esporte, Orlando Silva, tornou-se folclórico. Ele usou o cartão corporativo para pagar uma conta de R$ 8,30 em uma tapiocaria de Brasília. Também devolveu o valor. Neste ano, Orlando Silva recebeu R$ 27.209,71 de diárias, segundo dados do Portal da Transparência (www.portaltransparência.gov.br).

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