quarta-feira, 16 de março de 2011

DEM usa 2012 para reter aliados de Kassab

Cúpula do partido faz agrado a parlamentares ligados ao prefeito, como Rodrigo Garcia, cujo nome já é cotado para a sucessão na capital paulista

Marcelo de Moraes

Antes de confirmar ontem o senador José Agripino Maia (RN) como seu novo presidente, o comando do Democratas deflagrou uma operação para frear as dissidências do partido, provocadas pela iminente desfiliação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Em troca de permanência e fidelidade, a cúpula do DEM ofereceu espaços e oportunidades para aliados do prefeito, como o deputado Rodrigo Garcia (SP), que pode até ser candidato à sucessão de Kassab.
Ontem mesmo, o deputado já articulou com outros parlamentares e prefeitos do interior, como Dárcy Vera, de Ribeirão Preto, para que se mantivessem na legenda. Garcia levou a prefeita ontem de manhã para se encontrar com Agripino e anunciar sua permanência.

O problema é que setores da direção do partido desconfiam do movimento de Garcia. Por sua proximidade com Kassab, acreditam que ele está, na verdade, operando em favor do aliado. Como as articulações tocadas pelo prefeito para organizar seu futuro fora do DEM - com PSB e PMDB - têm esbarrado em dificuldades, uma opção seria manter aliados, como Garcia, em cargos estratégicos no partido.

Nesse caso, o alvo principal seria preservar o controle regional do DEM para garantir influência na sucessão municipal. A eleição paulistana em 2012 é estratégica para que Kassab se fortaleça na tentativa de chegar ao governo de São Paulo em 2014. E é isso que setores do DEM desconfiam que possa estar por trás da decisão de Rodrigo Garcia e de outros deputados paulistas ao optarem pela permanência.

Garcia nega que esteja fazendo um movimento coordenado com o prefeito paulistano e lembra que tem mais tempo de filiação que o próprio Kassab.

Agripino Maia também aposta que a permanência de Garcia é um gesto de fidelidade ao DEM. E diz não ver problema se o partido escolhê-lo como candidato à Prefeitura de São Paulo. "Ele está 100% com o partido e poderá ser, sem dúvida, o candidato, se na ocasião essa for a melhor opção para o Democratas. Ele é um importante quadro e é ótimo que permaneça."

Adesão. Na prática, apenas o deputado Guilherme Campos (SP) confirma que seguirá Kassab, seja qual for a decisão do prefeito. Campos teve o nome retirado da chapa da nova Comissão Executiva Nacional. "Estou na política por causa do Kassab. Vou acompanhá-lo aonde ele for."

O deputado Eli Corrêa Filho (SP) era tido como adesão garantida ao projeto Kassab, mas deve desistir da mudança. Corrêa admite que a incerteza jurídica de aderir a um novo partido o preocupa. "Sou um deputado de primeiro mandato. Sei que, se sair, vão pedir meu mandato de volta na Justiça. Além disso, vou perder os espaços em comissões técnicas da Câmara, o que vai atrapalhar o desenvolvimento do meu trabalho no Congresso."

Corrêa afirma que vai bater o martelo na sexta-feira, mas reconhece que a favor de sua permanência no DEM também pesa a conversa que teve ontem com o secretário da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin, Sidney Beraldo, pedindo que permanecesse no partido. Com Kassab sendo seu potencial adversário em 2014, Alckmin não deseja ver fortalecido o projeto do novo partido e tem auxiliado o DEM a manter seus integrantes em São Paulo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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