terça-feira, 2 de agosto de 2011

Oposição planeja convocar cinco ministros para depor no Congresso

E também pretende fazer superaudiência pública com órgãos de controle

Adriana Vasconcelos, Cristiane Jungblut e Isabel Braga

BRASÍLIA. Como já era previsto, o governo não terá vida fácil neste segundo semestre legislativo. Pelo menos cinco ministros estão na mira da oposição e podem ser convocados para prestar esclarecimentos no Senado sobre denúncias de corrupção e irregularidades nos ministérios dos Transportes, da Agricultura, de Minas e Energia, do Desenvolvimento Agrário e das Cidades. Na Câmara, o PSDB propõe ainda realização de superaudiência pública com representantes de cinco órgãos de controle para discutir as denúncias.

A audiência pública teria a presença do procurador-geral da República ou seu representante; do diretor-geral da Polícia Federal; do procurador junto ao TCU; de um representante do Ministério Público no DF; e ainda do ministro da CGU, Jorge Hage.

- As irregularidades estão acontecendo. E a oposição vai apoiar todas as medidas no sentido de limpar o Estado brasileiro - disse o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP).

Se não quiserem ser surpreendidos, os governistas terão de se dividir em várias frentes para monitorar a votação dos requerimentos da oposição. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), assegurou que não apresentará dificuldades a convites, desde que os ministros sejam chamados para falar sobre sua área. Ele admitiu, porém, que serão analisados caso a caso. A ida do ministro Paulo Sérgio Passos, por exemplo, passou a ser vista como ponto positivo, para que ele fale das providências nos Transportes.

- Nos Transportes, houve denúncias, e a presidente Dilma tomou uma decisão política de fazer mudanças. Desde o primeiro semestre, a oposição está falando que vai convocar ministros. Não vamos colocar nenhuma dificuldade a convite. Mas que seja para defender as suas pastas - afirmou Vaccarezza.

Já o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), poderá ficar em situação mais delicada quando a oposição tentar votar o requerimento convocando o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, para que ele esclareça denúncias feitas por Oscar Jucá Neto, irmão do líder. Após ser demitido da diretoria financeira da Conab, Jucazinho, como é conhecido, denunciou a existência de suposto esquema de corrupção na pasta comandada por Rossi, indicado ao cargo pelo vice-presidente Michel Temer.

Outro assunto que pode dar dor de cabeça ao governo é um requerimento do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) propondo convocar o petista Expedito Veloso, que poderá ressuscitar o escândalo dos aloprados e está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça no Senado.

Diante de tantas denúncias, a oposição tentará conseguir mais quatro assinaturas de senadores e chegar às 27 necessárias para criar uma CPI.

FONTE: O GLOBO

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