sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Fogo amigo no PT

Setores do partido disputam lugar de Vaccarezza

Isabel Braga, Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. A reforma pontual que deverá ocorrer nos ministérios em janeiro poderá ser acompanhada de uma dança das cadeiras nas lideranças do governo no Congresso. O principal foco de disputa entre setores do PT é a vaga de líder do governo na Câmara, ocupada por Cândido Vaccarezza (PT-SP). Na esteira dos atritos entre ele e a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, petistas afirmam nos bastidores que as chances de Vaccarezza permanecer no cargo são pequenas e tentam trabalhar outros nomes para a vaga. O mais forte é o do atual líder do PT, Paulo Teixeira (SP).

Diante do que muitos chamam de "curto-circuito" na relação de Ideli com Vaccarezza, o líder do PT, Paulo Teixeira, aproximou-se da ministra e conduziu algumas articulações importantes na Casa. Entre elas, a que garantiu o quorum da bancada do PT para a contagem de prazo da emenda que prorrogou a DRU (Desvinculação de Receitas da União) até 2015. O líder petista também atuou nas negociações do projeto que cria o Fundo de Previdência do Servidor Público (Funpresp), conquistando a confiança de líderes da base aliada.

Apesar do trabalho nos bastidores, os petistas evitam assumir publicamente a defesa de Paulo Teixeira para a vaga, cientes de que a decisão cabe à presidente Dilma Rousseff. Outro nome lembrado é o do relator do Orçamento da União de 2011 e ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele se cacifou evitando a pressão para conceder aumentos para o funcionalismo, atendendo a apelo de Dilma.

Vaccarezza afirma que desconhece qualquer movimentação para sua saída do cargo:

- Tomei conhecimento dessas notícias pelos jornais. Minha relação com a presidente Dilma sempre foi cortês, profissional. Dilma nunca fez queixas sobre a minha atuação e não tenho conhecimento de que ministros tenham feito. A minha postura é de não responder a isso.

Oficialmente, Ideli e Vaccarezza mantiveram neste ano uma relação profissional. A parlamentares, Ideli tem dito que não cabe a ela se manifestar sobre esta questão. Nos bastidores, no entanto, os dois não escondem o desconforto da relação cada vez mais atritada.

Vaccarezza tem o apoio de outros líderes da base aliada, que ressaltam sua lealdade e compromisso com os acordos firmados, mesmo que tenha que se desgastar com o Executivo. Os líderes aliados atestam o movimento de Ideli Salvatti para minar a força de Vaccarezza, e muitos estão dispostos a apoiá-lo publicamente.

- O governo nunca aprovou tantos projetos na Câmara como neste primeiro ano da presidente Dilma. E foi porque o tripé Vaccarezza, Jucá e Ideli agiu bem. Diz o ditado popular que em time que está ganhando não se mexe - diz o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves.

Os líderes aliados avaliam que Paulo Teixeira cresceu no último ano, mas ainda desconfiam da capacidade dele de manter uma postura de independência em relação ao Planalto.

FONTE: O GLOBO

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