domingo, 5 de agosto de 2012

Em Recife, Jarbas e Eduardo: o reencontro das explicações

Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos explicam a aliança que levou os dois a ocuparem o mesmo palanque após 22 anos

Bruna Serra

O palanque das explicações. Esse foi o cenário protagonizado ontem pelos agora aliados Eduardo Campos (PSB) e Jarbas Vasconcelos (PMDB), que prestigiaram entusiasmados a inauguração do comitê do caçula do senador, Jarbas Filho (PMDB), candidato a vereador no Recife. O ato marcou a volta do peemedebista ao seio da Frente Popular, grupo político do qual esteve afastado por 22 anos.

Com um discurso sintonizado, os ex-inimigos reconheceram divergências ainda existentes, mas asseguraram que os “muito mais pontos convergentes” possibilitaram a reaproximação.

“Constatamos que tínhamos muito mais convergência do que divergências. Divergências políticas. Eu, por exemplo, mantenho, e ele respeita, a minha posição de independência e de crítica ao governo federal, sobretudo ao PT nacional”, disse Jarbas. “E o governador faz parte da base do atual governo da presidente Dilma. É de um partido que tem uma posição de destaque, que dá sustentação ao governo federal”, completou o senador.

Jarbas revelou que a união com Eduardo estava planejada para acontecer somente em 2014, e jogou nos ombros do PT a responsabilidade pelo fim antecipado do litígio. “A gente pensava em formar uma aliança ainda indefinida para 2014. E por que estamos aqui juntos? Pelo problema do Recife. O Recife agilizou, o Recife provocou essa antecipação de uma aliança que estava prevista para o amanhã”, contou o senador, antes de esclarecer a transparência das negociações com o Palácio do Campo das Princesas.

“Essa aliança foi feita à luz do dia. Ela não foi feita na base do subterfúgio. O governador não me pediu que me rendesse nas minhas posições e nem eu pedi isso a ele, e não poderia pedir, e não pedi, nenhum espaço de poder a ele”, garantiu Jarbas, preservando, assim, sua condição de opositor nacional do PT.

Cuidadoso para evitar qualquer melindre na sua “afetuosa” relação com o ex-presidente Lula, ainda um poderoso cabo eleitoral no Nordeste, Eduardo refrescou a memória dos presentes, apresentando seu currículo de ex-ministro que apoiou Lula em momentos importantes. “(Eu e Jarbas) Não renunciamos às divergências que temos no quadro nacional. Sabe Jarbas muito bem da relação política que tenho com o ex-presidente Lula, a quem tive a honra de servir como seu ministro”, registrou o governador.

Eduardo disse ter informado ao ex-presidente sobre suas movimentações em direção à aliança com Jarbas. “Tive a oportunidade de falar para ele sobre a minha leitura do quadro nacional, tive a oportunidade de comunicar ao presidente (sic) Lula das conversas que tive com Jarbas”, afirmou o governador, que promoveu ainda uma conversa entre Lula e o senador pernambucano, inimigos ferrenhos.

“De colocar o presidente Lula ao telefone com ele, da casa do presidente (sic), para dizer que essas alianças se fazem com quem sabe fazer aliança. Só tem medo de fazer aliança quem não tem identidade”, disparou o governador, que ainda arrumou um tempo para afagar um dos principais responsáveis pela reaproximação, o deputado federal Raul Henry (PMDB), visivelmente desconcertado ao fundo do palanque.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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