segunda-feira, 27 de maio de 2013

Oposição pede explicação para Dilma

Adversários do Planalto querem que ministros sejam responsabilizados por declarações sobre boatos contra o programa. Eles apontam antecipação de pagamentos como ato que originou a confusão

Juliana Colares

A oposição vai para cima do governo por causa da confusão envolvendo pagamentos do Bolsa Família. O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), disse ontem que vai cobrar da presidente Dilma Rousseff a demissão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, da ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário, e da direção da Caixa. Bueno também pretende ir à Polícia Federal para solicitar informações sobre as investigações. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), também encampa a ofensiva, mas com estratégia diferente. O partido apresentará requerimento para que o presidente da Caixa, Jorge Hereda, vá ao Congresso dar explicações, pedirá que o Banco Central investigue o caso e entrará com representação para que o Ministério Público participe da apuração.

A oposição resolveu cobrar resposta do governo depois que a Caixa confirmou, na última sexta, que disponibilizou os saques ao benefício um dia antes do início dos boatos sobre o fim do Bolsa Família. Em dois dias, 920 mil saques foram feitos, num total de R$ 152 milhões. Para Rubens Bueno, o ministro Cardozo, que insinuou que os rumores poderiam ser fruto de uma ação orquestrada, e a ministra Rosário, que atribuiu os boatos à "central de notícias da oposição", agiram de forma "irresponsável" e merecem ser punidos. "O problema foi da Caixa, que antecipou o pagamento e não comunicou de forma adequada. Foi uma lambança do governo, da sua incompetência", disse, afirmando não acreditar na versão de que uma empresa de telemarketing do Rio de Janeiro pode estar envolvida na disseminação da informação sobre o fim do programa do governo federal.

"Eles (os ministros) foram irresponsáveis a ponto de não poderem ser mantidos nos ministérios. Se o governo não tomar essa providência (de demiti-los), vamos definir que medidas tomar", afirmou Bueno. Segundo ele, está programada para o fim da tarde de amanhã uma visita de lideranças da oposição à Polícia Federal. O encontro, no entanto, pode ser antecipado para hoje. Para Bueno, é importante investigar exatamente que papel a antecipação dos pagamentos pode ter tido na confusão.

Melhorias

Em nota, a Caixa afirmou que vem promovendo diversas melhorias no Cadastro de Informações Sociais desde março. E que, consequentemente, acabou disponibilizando o saque no último dia 17, independentemente do calendário individual. "A Caixa ressalta que somente em torno das 13h do sábado (18) é que se verifica o início da anormalidade de saques em alguns estados, quando também começaram a circular notícias sobre os boatos em relação ao Bolsa Família", ponderou, em nota. A correria para sacar o benefício foi registrada em 12 estados.

Em visita à Etiópia, a presidente Dilma disse, no último sábado, que é preciso aprimorar a fiscalização do Bolsa Família. Ela desautorizou integrantes do governo a fazerem críticas à oposição e não quis comentar a investigação feita pela Polícia Federal. Dois dias após a confusão, a presidente Dilma chegou a dizer que o autor dos boatos é desumano e criminoso.

Fonte: Correio Braziliense

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