Upiara Boschi – Diário Catarinense
O mais importante dos encontros que o presidenciável Eduardo Campos (PSB) teve ontem em Santa Catarina não contou com plateia, discurso e aplausos. Em uma agenda guardada a sete chaves, o pré-candidato se encontrou pela manhã com o governador Raimundo Colombo (PSD) na Casa d’Agronômica. Durante pelo menos 30 minutos conversaram a sós – exigência feita previamente pelo pernambucano.
Depois se juntaram a eles o deputado federal Paulo Bornhausen (PSB) e o ex-senador Jorge Bornhausen. A conversa foi tão reservada que o próprio Campos, mais tarde, não admitiria o encontro. Na conversa, Colombo reforçou a intenção de apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), a quem se sente grato pelos financiamentos de R$ 9 bilhões viabilizados pelo Planalto e que são sua principal aposta administrativa.
Os reflexos da conversa estavam visíveis inclusive no discurso de Campos. Sobre o apoio de Colombo a Dilma, limitou-se a dizer que o PSB toca sua vida e o governador “está tocando a dele, com as circunstâncias que está vivendo”. Perguntado sobre suas propostas para o Estado, provocou:
– Que Santa Catarina viva um tempo em que não se tira recursos do Estado e se empresta o que tirou com juros.
Em sua agenda catarinense, Campos falou a língua do empresariado que o recebeu. Disse que um país capitalista como o Brasil não pode ter preconceito contra investidores, defendeu parcerias com a iniciativa privada, concessões, e redução pela metade dos ministérios distribuídos como “cachos de banana” em Brasília.
Elogiou Lula e Fernando Henrique, focando as críticas à gestão de Dilma Rousseff e à base aliada no Congresso. Chegou a dizer que é preciso oferecer ao Brasil uma opção que coloque na oposição as forças atrasadas, o lado mais fisiológico da política nacional. Não detalhou como pretende convencer o parlamento a desistir da fisiologia, mas mostrou ter assimilado boa parte do discurso de sua companheira de chapa, a ex-senadora Marina Silva. Para as eleições, pode ser suficiente.
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